quinta-feira, 12 de julho de 2012

Confissões

Dentre minhas confissões indiscretas,
confesso discretamente que errei.
Errei por amor ao caminho mais encurvado,
por amor àquilo dado como perdido e inviável.
Errei por amor em errar.
Porque errar me dá autonomia sob tudo,
Errar me faz humano e surpreendentemente desprezível.
Errei inúmeras vezes de diversas formas e incontáveis pessoas.
Errei, me confessei aos meus fantasmas ouvintes, e me perdoei.
Os erros me fazem transparente como a água que corre para o mar.
Errei de forma que me tornei adulto,
e agora responsável pelas consequências de cada ato errado.
Devo desculpas por errar?
Porque a cada par de erros, encontro um acerto irrefutável.
Então não me desculpe por me encontrar,
Sou toda essa parafernália de sentimentos, instintos e raciocínios,
que forma seres humanos assim como você.
Errados, que erram.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Circo

No meu circo todos os dias tem espetáculo,
Na minha tenda vermelha cor de céu,
No meu circo toda hora tem felicidade,
Ainda que pintada em máscaras de papel.

Os meus animais são adestrados e inteligentes,
Passam fome por detrás dos panos.
Mas são tão lindos! Quem se importa?
O importante é sempre fazer rir aos insanos!

Meus palhaços são alegres e saltitantes,
Em overdose crônica com seus antidepressivos,
Mas são tão felizes! Quem se importa?
Que se infartem de rir esses subversivos!

Os mágicos são misteriosos e impressionantes!
Usam truques baratos para iludir as crianças,
Mas são magníficos! Quem se importa?
Não há motivos para desconfianças.

Esse é o meu circo,
Dizendo a você mentiras suaves,
Verdades transgredidas na transversal,
Poupando o respeitável público da verdade,
Nua, Crua, Fútil e Cruel,
E tornando o mundo um lugar maravilhoso!
Numa tenda vermelha cor do céu!
Afinal, quem se importa?
O espetáculo não pode parar!