sábado, 25 de junho de 2011

Deus

Perdi o controle.
Agora saio do zero absoluto de Kelvin,
para os milhares de graus centígrados de Anders Celsius (e vice-versa)
- em alguns segundos.

Consigo dançar e estar triste ao mesmo tempo.
Consigo amar e não sentir nada.
Consigo ler e não entender uma só palavra.
Consigo fingir tudo o que sou.

Debato filosofia sem conhecer nenhum filósofo.
Analiso a questão política nacional sem ler os noticiários.
Vendo produtos que nunca provei, e garanto satisfação total.
Invento coisas que nunca sairão do papel.

Cheguei a conclusão de que não sei mais qual é meu personagem.
De tanto me imitar, não sei mais quem imitar.
Desesperado. E sim, angustiado.
Meu personagem não gosta de falar que está triste,
Uma vez que isso mostra fraqueza. E as pessoas sabem cutucar suas feridas.
Principalmente as abertas.

Já não sei mais se minhas alegrias, são apenas formas de fingir que algo está bem.
Desconheço a origem do meu problema. Matematicamente não sei a solução.
Matematicamente, tudo deveria ser proporcional (direta ou inversamente).
Não vejo proporções.

Pecado é sentir tristeza em meio a tanta felicidade.
Mas Deus, se estou assim, só Você sabe a resposta.
Porque Você é o que a matemática não descreve,
E aquilo que os homens não entendem.

Preciso de Você. Agora, em cada poro da minha alma.

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