segunda-feira, 22 de junho de 2009

Flores do Asfalto

Algumas vezes preciso de alguém que me escute,
Ou simplesmente um papel para qualquer desabafo.
Outras vezes prefiro sair andando sozinho.
Conversando comigo mesmo, ou com o vento.
Sentar e olhar o horizonte.

Se me vires assoprando em alguma viela,
Não é tique, nem considero loucura.
É uma forma de brincar com a solidão.
O que é mais estranho, é que não sou só.
Quase sempre opto em me isolar,
É minha maneira de me "colocar no eixo",
Escutar meus reclames, ouvir minha poesia,
Compor músicas que não sei tocar em qualquer instrumento.
São músicas natimortas.
Só ouço uma ou duas vezes.

E quando fico insone pela madrugada,
Me pego escrevendo.
Não escrevo para que alguém leia.
- Me desculpem os meus poucos leitores,
Me sinto engrandecido quando sou lido.
Mas não escrevo para essa sensação (passageira).
Escrevo, porque sinto que os textos querem existir.
Normalmente, já estão prontos. Só precisam de mim.
Então escrevo, e deixo que meus rascunhos se aglomerem.
Quem sabe um dia viram livro.
E realmente, sirvam para serem lidos.

E assim vou seguindo.
Assoprando palavras.
Colhendo as flores do asfalto.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Memórias


Ainda vejo claramente seu rosto.
Nos seus lábios, palavras irrisórias,
Na minha boca, o teu gosto,
E tudo, p'ra sempre memórias.

Mas o "sempre" é tão particular,
Que meu "sempre" um dia deixará de existir.
Talvez, exista a efemeridade no amar,
Ou então, incoerência no despedir.

Gravadas, todas as frases ditas,
Cada um dos anseios em sorrir,
As memórias, ainda que pareçam perdidas,
Nem por isso deixam de existir.

E se me perguntarem o que acho do mundo,
Direi que todos os cálculos estão errados.
Mas quem dará ouvido a um poeta vagabundo,
Que aprecia os momentos já enterrados?

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Alguém em mim.