quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sobre tiros e rosas

Sentado em minha escrivaninha,
Ainda machucado por tiros antigos,
Deixo meu coração sangrar no papel.
Um papel, um lápis, uma luz indireta.
E minhas mãos.
- Meus instrumentos, anestésicos.
Seu retrato.
Agora virado.
Não tenho coragem de jogá-lo fora.
Mas também não quero olhar para ele.
Não merecia sangrar por ele.
Não merece.
Tudo que ele me passa,
é sobre outra pessoa.
Infelizmente eu a amo.
Aquela pessoa.
Ela não existe mais.
Já procurei em lábios distintos,
em olhares apaixonantes,
em sorrios dilacerantes,
em toques suaves.
Não a encontro.
Prometi a mim mesmo, nunca mais pensar nela.
Mas na promessa já estava pensando.
Não vale uma palavra.
Nem mesmo um batimento mais forte no peito.
Definitivamente,
Me cansei dos meus anestésicos.
De agora em diante tentarei mais uma vez.
Costurar minhas feridas,
Cicatrizá-las,
e tatuar um nome diferente em cima.
Mesmo que tudo me mostre você novamente.
Não vou mais continuar mais com essa burrice, idiotice, asnice e outros tantos "ices".
Não pingará mais uma gota de sangue.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Eu e meus botões

Cá eu e meus botões...
E agora você, que me lê.
Ando pensando muito.
De tanto pensar e de pouco agir.
Aliás, penso porque não ajo.

Queria que o passado ressurgisse,
das cinzas que o vento levou,
e a terra engoliu.
Mas de passado, quem vive é museu.
É isso que me angustia,
me crucifica lentamente.
A incerteza do futuro.

Tenho mania de criptografar,
de desmachar em um quebra-cabeça,
os meus sentimentos.
Queria que alguém entendesse.

O teatro continua,
mas e se eu não estiver na platéia?
E se ninguém mais assistir a peça?
O teatro continua?

Queria respostas,
para as minhas equações da vida.
Soluções, conjuntos verdade.
Mas vejo que pra cada incógnita,
obtenho mais uma equação.
E assim prossegue.

Queria apenas ser como todos são.
E não esse ser estranho, que não sabe nem mesmo falar sobre si mesmo.
Que madruga buscando palavras para amenizar dores,
e escrevendo textos que ninguém entende, e quase ninguém lê.

A diferença entre o louco e o são,
é apenas o crédito, ou o descrédito de forma inversa.
O louco diz o que quer e ninguém dá atenção,
O são se auto-flagela engolindo palavras para não ser taxado de louco.

É isso que eu queria escrever.
Mais como um desabafo mesmo.