terça-feira, 2 de março de 2010

Cachaça

Ei moço, me dá um real?
Que é pra "mim" comprar o gás,
O gás que acabou junto com o sal.
O sal da lágrima, e a pinga aqui atrás.

Ei moço, prova um bocado,
Essa é da boa! Dum alambique mineiro,
É pinga que fala por si e não deixa recado,
Ela fala, chora e até escreve um texto inteiro!

Moço não me deixe aqui sentado,
Aproxime-se um pouco, me conte sobre seu dia.
Não se assuste com meu olhar embriagado,
garanto que não pela cachaça a minha agonia.

A minha embriaguez vem de outras razões.
A minha cachaça chama-se poesia.
O seu dinheiro foi dado sem emoções,
Mas aqui estou, meu caro, a quebrar tua monotonia.

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