domingo, 30 de novembro de 2008

Remédio

Eu quero um remédio,
não para doença,
mas para a paradez, o tédio.
Assassinaram minha crença,
Fizeram das minhas palavras, um assédio.

Destruíram minha infância,
Estragaram meus brinquedos,
Me deram responsabilidades, sem importância,
Me fizeram um homem quase sem medos.

Também me deram um grafite,
e um papel velho abandonado,
Esqueceram-se do meu palpite,
e do meu lado transtornado.

Do papel sujo e esquecido,
Faço um porta-poema - não menos abandonado,
exceto por mim - um egoísta alucinado,
Que não empresta as palavras para qualquer alma.

Se alguém quiser vê-las,
precisa primeiramente entendên-los.
Assim tão difícil, como que me achando Pessoa,
Sou assim, e para me entender basta vê-las.
E para vê-las, precisa entendê-los.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cansaço

Cansado.
Não cansado como se cansa de correr,
ou se cansa de pensar,
tão menos cansado de viver,
é como alguém que se cansa de amar.

É vontade,
de sentir a chuva molhar a pele,
de sentir o gosto da terra,
de abraçar uma árvore,
de correr nas ruas da minha infância,
jogar bola com os moleques,
soltar peão, empinar pipa,
andar de bicicleta,
correr...
Não como se corre para manter a forma,
ou para manter a saúde,
Ou correr contra o tempo,
que a cada dia fica mais curto.
Correr para o nada,
sem dever nada.