quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Conta-Gotas

No conta-gotas,
No ponteiro do relógio,
cada segundo.

Cada parte do tempo,
Um sorriso,
Um olhar,
Uma lembrança.

Depois a pele enrugada,
E o sorriso.
O olhar,
E agora lembrança.

No conta-gotas,
A vida se vai,
Como as gotas da chuva,
Como o rio para o mar.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Essência

Do perfume quero toda a essência em uma só gota.
- E que a gota me provoque náuseas, me irrite, me apaixone.
Da poesia inerte nos papéis, eu quero as lágrimas derramadas.
- E que as lágrimas sejam o sabor do mar, do corpo e do sentimento.
Da música, dos acordes e das notas quero o ritmo.
- Que o ritmo bata o coração, e que seja acelerado, que seja um tango!
Da pintura, quero as tintas, cor por cor, tom por tom.
- Das tintas quero que sejam derramadas, jogadas contra tudo, sem pudor.
Do teatro, quero a cena, quero a máscara e a falsidade.
- Que a falsidade continue fazendo com que o sentimento seja verdadeiro.

Quero tudo que seja intenso.
Quero tudo que dure eternamente em um momento.

Por hora, é o que quero.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nostalgia

O tudo é o agora.
E nem o agora já é agora mais.
Logo tudo passa, e já não é mais tudo.
Seja isso ou aquilo, o agora ainda é tudo.

Não existe profecia que dure para sempre,
Não existe caminho sem fim,
Há quem diga que nem o infinito exista.
O que então se diz de mim?

A pior dor é amar o que passou.
Ficar preso segundo após segundo no presente.
Perdido nos momentos de outrora,
Desejar ontem e ver amanhã.

Deus faz tudo certinho,
Já dizia minha avó.
Só queria poder voltar alguns momentos,
Pra nunca mais ficar só.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mar


Navego em águas que me conduzem a um destino.
Navego sem saber qual é esse destino.
Por vezes me afogo nas águas que invadem meu navio,
e que sempre buscam meu naufrágio.

Sempre volto a tona.
Sempre estou de cabeça erguida para a próxima onda.
O incrível, é quanto mais fortaleço meu navio,
Quanto mais o torno grande, mais fortes são as investidas,
Mais fundo as águas me levam.

Em alguns momentos penso em desistir.
Talvez morrer afogado não seja tão ruim.
Talvez o fundo do mar seja o destino que Deus me deu.
E morrer, mesmo que afogado, pode me trazer paz.

E assim como as águas, que me levam,
sigo sem tomar nenhuma decisão.
Apenas aguentando firme as tempestades no mar.