domingo, 31 de maio de 2009

Choro


Poeta, não caduque,
Não escute o peito que chora,
Porque choros passam.
Bom é ser criança que chora,
e coloca lágrima p'ra fora.
Depois cresce, pensa que é forte,
chora por dentro, e chora doído!
Ninguém vê, ninguém sabe.
Chora sozinho, sem beijinho.

Assim desconcertante,
Como o fluxo da vida.
Hoje você é. Amanhã você foi.
Ontem você será.
Poeta, você não apenas foi.
Mas você será, Poeta!

Porque "ser" não é assim tão fácil,
Como escrever no papel.
Porque ser também é sentir.
E quem sente, chora.
Então Poeta,
Chore.
Chore palavras, porque já não é lágrima,
Já não é sal e água. É lápis e papel.
É seu alívio temporário.
Sua droga de fuga.
Válvula de Escape.
Anestesia.
Beijinho.
Sopro.
Solidão.

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