domingo, 29 de março de 2009

Incoerências e Outonos.

É março, é outono.
É o nublado, o frio.
Chuvas incansáveis e finas.
É o vazio, o aperto no peito.
É lembrança, é fotografia.
É som do vento na janela.
Dos filmes nas tardes de domingo.
Das missas das 7.
Dos sorrisos jovens.

Me paro e me questiono,
Terei nascido velho?
Sou um jovem atípico.
Daqueles que gostam de bons livros,
De água sem gás, ou uma coca-cola gelada.
Que gosta do carinho, com retorno amanhã.
Escuto Bossa, Guns'n'Roses e Chopin.
Estudo engenharia e faço poesia.
Sou um eterno outono.
Por vezes o frio aparente,
ou o calor das lareiras.
Mas assim, sempre meio apagado,
Meio nublado.
Não sou triste.
Sou assim, porque sou.
Devo ter nascido com algum neurônio desconectado.
Ou conectado errado.
Já criei várias teorias tentando me explicar.
Mas vejo que pessoas são inexplicáveis.
Mais uma vez, me pego escrevendo sobre mim.
Diria, um assunto desinteressante.
Em 6 bilhões de pessoas no planeta,
Essa é mais uma das tentativas de entender apenas uma.
Sem resultados.
No meio desse formigueiro humano,
Sou uma formiga diferente.
Que quer fazer a diferença.
Que diferença?
Talvez seja questão de outros outonos.

sábado, 28 de março de 2009

Coração

Aquiete-se coração insano,
Não entende que não pode ver?
Bata tranquilo dentro do peito,
Que aquela moça você não pode ter.

Não pode porque não pode,
Não me questione mais o porquê.
Se não consegues pensar,
Não posso ouvir você.

Ela não liga para seus pulos,
e você ainda a ama sem razão.
Tente não se debater muito,
para não me machucar, meu coração.

terça-feira, 24 de março de 2009

Esperança


Dizem que a esperança é a última a morrer,
Mas já começo a pensar que ela é imortal.
Para os cegos, a esperança de começar a ver,
Para os loucos, a esperança de ser normal.

Até para a morte - bem morrida,
a esperança mínima de um reencontro.
Para morte, um pingo de vida.
Para o infinito, a possibilidade do ponto.

Um sentimento tão nobre e puro,
Mas que sem querer consegue machucar,
É a agonia de correr para o futuro,
É uma forma torturante de amar.

Quando pensar que algo finalmente acabou,
Quando todo mundo se for, e você ficar,
Pense que se há a esperança é porque o fim não chegou,
E para a esperança, o único remédio é esperar.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O gole


Tome um gole dessa insensatez,
que a vida é curta para pausar.
Minha poesia é liberdade, é nudez,
é a carne crua exposta ao ar.

É o ranger de dentes,
é a contração muscular,
Poeta que não lê mentes,
Apenas finge amar.

Tome um gole de uma vez,
Sem pensar, sem demorar,
É efêmera essa embriaguez,
A maior loucura é te amar.

domingo, 8 de março de 2009

Testamento

Como uma carta de despedida,
Sinto que escrevo como se não o pudesse amanhã.
Como que lutando contra o curso da vida,
fazendo de tudo para não ter uma vida vã.
Se pudesse deixar uma mensagem para o mundo,
Deixaria um pedido de desculpas.
Não sei o porquê, nem para quê.
Não entendo qual foi o erro,
E acho que não devo desculpas.
Mas é como se um anjo suspirasse em meus ouvidos
- "Apenas peça perdão."
E assim o faço.
Espero que me perdoem, por um erro que ainda não sei qual.
Talvez um dia eu saiba a razão.
Ou talvez descubra que são apenas desvaneios do coração.