quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Conselho

Garota, ouça um conselho.
Entenda-o por absoluto.
Como um reflexo no espelho,
É um poeta fajuto.

Um poeta não tem sentimento.
Todas as palavras são forjadas,
Em um intrínseco fingimento,
Todas jogadas são armadas.

Uma ilusão em curto prazo,
O poeta precisa do teu amor.
Maldito seja tal parnaso!
Enganando-te sem nenhum labor.

Mas garota, não o tenha com ódio.
Poetas são garotos grandes a brincar,
As conquistas baratas são o pódio,
Para aqueles que não aprenderam a amar.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Versos errantes

Quando meu caos chega ao fim,
fico perdido na calmaria.
Acabo pensando em mim,
E nas filosofias de padaria.

Defino cores para histórias,
Sons para imagens na parede,
Apoiando-me em sutis escórias,
Comendo para matar a sede.

Porque não me satisfaço?
Se ontem mesmo queria ouro,
Agora que o tenho, quero o aço!
Se tenho lã, quero o couro.

Se tenho verde, quero vermelho.
Quando tive livros, quiz televisão.
Quando tiver um cão, terei um coelho.
Quero a moça do meu coração.

Complexos algoritmos pensantes,
Exorcizando demônios em versos rimados,
Versos insones, fúteis e errantes.
Sentimentos secos, sentimentos molhados.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Mal acompanhado

Me sinto tão vazio,
dentro de alguns olhares sorridentes.
Por vezes me sinto tão inútil,
em gestos de amizade e confiança.
Me sinto tão sozinho,
Dentro de fortes abraços.

É tudo tão claro.
E fica tudo tão no escuro.

A vida imitando a arte.
As pessoas fazendo teatro.
Dançando a valsa de um baile de máscaras.
Já dizia o velho ditado:
Antes só,
Do que mal acompanhado.

domingo, 29 de novembro de 2009

Sentença

Pegue todos estes poemas,
Todos meus desejos, sentimentos.
Chega de jogadas, teoremas,
Poesia em lamúrias, em lamentos.

Leve contigo tudo o que restou.
Não apenas palavras, lápis e papel.
Tudo o que a chuva não lavou.
Meu pequeno pedaço de céu.

Se sentir a falta do abraço,
Se não o encontrares n'alguma esquina,
Tenha meu poema em papel ao maço,
Serei teu eterno templo, tua ruína.

Se sentir a falta do beijo,
Caso não o consiga por evento,
Pegue tudo o que eu almejo,
E jogue minhas palavras ao vento.

Porque não há nada em mim,
que a ti não pertença.
Minha perdição, meu querubim,
Meu final, minha sentença.

domingo, 22 de novembro de 2009

Troféus

Hoje vaguei pelas ruas,
Soprei versos como orações.
Resmunguei sentimentos em cochichos.
Me culpei, para depois me perdoar.
Paguei uma bebida a um moribundo.
Escutei seus problemas, joguei cartas.
Depois enchi meu saco, fui embora.

Procurei uma lua no céu nublado.
Suspirei o ar quente da madrugada.
Cumprimentei acenos das prostituas.
Tentei me provar que elas eram boas moças.
Ingênuo.

Tentei dormir, em vão.
Rabisquei papéis, abri a geladeira.
Me embebedei - com coca-cola.
Seria tão mais fácil a vida,
Tão mais simples e menos confusa,
Se você estivesse comigo.

Não preciso de troféus.
Nunca precisei. Nunca os tive.
E nem procuro os ter.
Sou simples, por isso tão complexo.

Talvez por isso, eu esteja aqui.
Escrevendo assuntos íntimos.
Mas que nem por isso, secretos.

Troféus... Ah! Como são dispensáveis.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Carpe Diem



Se desejar algo para a vida,
deseje intensidade.

E quando for correr,
- corra o mais rápido que puder.
Sinta o vento no rosto,
a sensação de estar voando,
sinta o coração batendo forte,
o ar invadindo o pulmão com vida!

E quando for ler,
leia todo o livro,
imagine cada detalhe da história,
detenha-se em cada palavra,
cada frase.
Sinta sua capacidade de estar em outros lugares.

E quando for sair,
Vista-se da forma que achar mais bela.
Sinta-se o dono da noite,
o portador da juventude.
Sorria, beba, divirta-se!

Quando ouvir uma música,
Ouça a letra inteira,
Escute cada instrumento,
cada nota,
e depois o conjunto inteiro.
Dance, grite, cante!
Sinta a energia emanar.

Quando for amar,
Ame.
Amar é ser intenso.

Porque a intensidade,
é a forma de aproveitar o dia.
É a forma mais certa de ser feliz.

Carpe Diem.

(Não é o tipo de texto que gosto de escrever. Parece mais uma receita de bolo. Mas saiu assim).

domingo, 1 de novembro de 2009

Auto retrato

Já fui água morna,
em tempo de luar.
Hoje sou pedra rija,
rocha dura de quebrar.

Não há nada que me aflinja,
Nada que possa me assustar.
Já chorei e escrevi lamentos,
Já pequei em palavras,
gestos e pensamentos.

Então me pus a orar,
na tentativa de ser perdoado,
pelas coisas ruins que não fiz.
Havia esperança de ser abençoado.

Penso que já amei com intensidade,
Senti (todos os tipos de) sentimentos.
Mas dizem que ainda não estou na idade,
Para tais nostálgicos momentos.

Mas é que hoje não sinto.
Meus versos fingem meus sentimentos.
Luz de velas e vinho tinto,
São coisas de cabeças de vento.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Tormenta

Essa noite eu perdi o sono,
Já perdi a vontade de dormir.
Encontrei minha tormenta,
meu ponto de desequilíbrio.

Hoje perdi a cabeça,
Até perdi a linha de pensamento.
Encontrei o meu ditúrbio,
O meu lado desconhecido.

Agora perco minha rimas,
métricas, e outras baboseiras literárias.
Porque quando eu me perco,
Eu felizmente encontro você.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Regras

Leia jornais. Leia Machado de Assis.
Seja legal. Seja meu amigo.
Ouça o que o mais velho diz.
Revolucione esse mundo antigo.

Não pise descalço no chão.
Não abra a geladeira depois do banho.
Sal e gordura fazem mal ao coração.
Não converse com um estranho.

Na ferida, use Mertiolate.
Não perca média. Estude, trabalhe.
Cão que morde, dizem que não late.
Se não for ajudar, não atrapalhe.

Case quando tiver certeza de amar.
Ame quando tiver certeza de que irá para a Igreja.
Tenha poucos filhos, para o dinheiro poder sobrar.
Se ama seus filhos, bendito seja!

A vida e suas regras inerentes,
Para aqueles que alguma regra "quebra",
Tolos! Só seguiram regras diferentes,
Mas que nem por isso deixaram de ser regras.

domingo, 4 de outubro de 2009

Chuvas de Verão


Das coisas que disse,
Numa época que se foi.
Quero o esquecimento.
Não porque foram em vão,
nem mesmo porque são tristes.
É que agora, gosto de chuvas de verão.

A certeza de que a chuva passa,
logo mais tem sol.
E amanhã, choverá de novo.

Quero sujar meu tênis velho,
e meu jeans desbotado.
Quero ir (sujo) à bailes de gala,
Quero dançar com as "damas" impecáveis,
Recitar meus versos desprezíveis.
Tocar uma música em um violão,
Pisar nas poças de água,
Roubar rosas.
E jogá-las fora.
- Na sua janela.

E encontrar minha paz,
Meus momentos de criança,
e sem dúvida, de loucura.
Sentar e digitar palavras.
- apagar algumas.
Beber coca-cola.
Ouvir Guns.
Pensar em tudo que fiz,
e dormir.

Esperar amanhã a próxima chuva.
E quando terminar,
encontrar meu pedacinho de céu.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Apenas uma frase

O amor é o único argumento que um ser humano leva em consideração em prol da auto-destruição.

domingo, 13 de setembro de 2009

Menina

Hoje a menina, de olhar sereno,
perturbou todo meu universo,
Fiquei assim me sentindo pequeno,
Enquanto ela quebrava meu verso.

A menina então me desafiava,
De uma forma tão macia e calma.
Enquanto em conflito eu ficava,
Ela decifrou sentimentos da alma.

E como me entendendo, no que eu digo,
Me deixava ainda mais confuso.
Com sua coerência, ainda me intrigo,
Me fez sentir como um intruso.

Oh menina, que não é mais criança,
agradeço por ter me feito de teu brinquedo.
Em tuas mãos me senti em segurança.
Deixarei um beijo na ponta do teu dedo.

Delírios


Hoje te busquei dentro de mim,
ecoei seu nome por todo meu ser...
Mas você não está aqui.
É com você que me sinto vivo.
Por favor, me deixe sentir.
É um suplício de vida,
Antes que me definhe em morte.
Desejo o seu beijo,
Assim como preciso respirar.
- A cada instante.
Hoje soprei na madrugada fria,
"Eu te amo" de modo que o vapor,
Pudesse te alcançar...
Porque eu não posso?
Por que fazer isso com a gente?
Fique aqui pertinho de mim...
Deite sua cabeça em meu peito,
vamos falar, discutir, nos beijar, nos amar...
Para então cairmos no sono...

Porque tem que ser assim?
Eu te amo, e você sabe disso.
Hoje as palavras estão sendo lançadas,
sem regras, sem rimas.
Estão fluindo.
Mas se palavras valessem algo,
mudos não amariam...
Surdos seriam sozinhos.

Deixe me sentir.
Preciso de teu sentimento.
Se a lâmina corta a carne,
quero sentir a dor.
Se o fogo queima a pele,
quero me sentir em brasas.
Se eu sou capaz de amar,
quero sentir todo amor.

Porque é com você,
Que se diz impossível de se tocar,
Que está a milhas de distância...
Que quero estar.

É você, e ninguém mais.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Marcas

Ainda há marcas de quando fui feito de palhaço.
Ainda há marcas de quando fui morto.
Ainda há marcas de quando me calaram.
Ainda há marcas de quando falei.

Mas marcas são marcas de tantas coisas,
que no fim não são marcas de nada.
A marca que doeu outrora em mim,
é um mero diferencial visual para você.

Houveram marcas que desapareceram com o tempo.
Outras, continuam a doer incessantemente.
Assim como há marcas que cicatrizaram,
Mas continuam como lembranças.

Há marcas de tiros,
Há marcas de cortes,
Há marcas de mordidas,
de beijos, de preocupações,
de amores, de acontecimentos,
de felicidade, de tristeza,
de música e de poesia.

Há uma marca para tudo.
Há uma marca para você.
Há uma marca para mim.

sábado, 29 de agosto de 2009

Poder

Hoje me sinto esse espaço em branco.
Prestes a ser carregado com minhas palavras,
frases, e pensamentos que confundem a mim próprio.
Sinto a ausência das correntes.
Hoje, sinto que posso.
Hoje se eu quiser, posso voar.
Não sei como o farei. Mas sei que posso.
Poderá ser que não voe como uma ave,
- Nem os aviões o fazem.
Mas posso voar com saltos.
Ou voar com meus pensamentos.
O importante é que a vida continua, sempre.
Podemos estar aqui, ou estar lá.
Mas a vida continua.
Enquanto eu viver, eu poderei.
Posso dar um golpe de Estado amanhã.
Ou então me tornar um mochileiro.
Assim como posso querer deixar tudo como está.
- Mas se isso resolvesse, todos seriam felizes.
Entretanto, eu acredito.
Eu posso.
Eu vou.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Asas

Há quem diga que sonhos são ilusões,
Mas conheço quem diga que têm algum significado.
- Entretanto, não se sabe a forma mais certa de interpretá-los.
Há pessoas que acreditam em anjos,
Outras nem mesmo acreditam em Deus.
Há pessoas que tem ideais políticos, ideais revolucionários.
E também existem as que não se importam, as que se deixam enganar.
Há pessoas que acreditam no amor,
Outras o forjam e conseguem o que querem.

Há momentos em que se deseja estar só.
Outros a solidão chega a ser insuportável.
Há momentos em que se deseja um ano de folga,
porém depois de uma semana, o tédio começa a sufocar.
Há momentos em que desejamos o fim do mundo.
Mas quando nos deparamos com algum sinal do fim,
Desejamos e lutamos instintivamente pela vida.
Há momentos que se está bem consigo mesmo.
E existem alguns em que é preciso uma confissão.

Há quem confesse a um padre.
Já conheci quem confessasse com um amigo.
Eu confesso em minhas palavras.

Mas ainda admiro as confissões feitas em quadros.
Não aquela arte de decorar cômodos, mas a arte como instrumento de guerra.
Admiro quem se confessa por meio da música.
Não criando ritmos enjoativos, mas produzindo o alimento para a alma.
E tem ainda os homens que confessam na ciência.
Não criando bombas e armamento bélico. Mas descobrindo medicamentos e desenvolvendo o ser humano.

Conheci gênios. Mas digo que algumas das pessoas mais importantes da minha vida, ao menos conseguem ler.
Conheci lugares incríveis. Mas ao dormir, prefiro a casa simples de meus pais.
Conheci grandes instituições de caridade. Mas descobri que a melhor forma de ajudar o próximo se faz com uma palavra.

E quando descobrirem meu universo. Entenderem minhas palavras. Destruirão-me. Para depois me construirem.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Metamorfoses

Novamente as palavras me fogem.
- Um vazio, um silêncio constante.
Entretanto, desejo que as levem!
Quero a minha paz neste instante.

Talvez fugiram porquê cansei de fingir.
Ou então pegaram de volta a "dor" emprestada.
Assim, sem pedir, sem consentir.
Mas se a roubei, que seja por sua vez, de mim roubada.

E a dor que senti, pela qual sangrei,
Pode significar a presença de alguém.
Se tem uma coisa que na vida notei,
É que todos têm chances de recomeçar também.

Uma das melhores coisas é a certeza de um amanhã.
A certeza de que de manhã o sol retorna.
Para os ricos, pobres, trabalhadores ou mesmo para o bom vivã.
"Nada se perde, nada se cria. Tudo se transforma".

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Agora

O "agora" é tão rápido, que logo se vai embora.
Ainda procuro saber o que é viver.
Dizem "viva o hoje, viva o agora!"
Momentos. É o que queremos ter.

A vida não para, ela está aí.
quem siga do modo que acha certo.
Eu sigo do modo que penso que dará certo.

É quase imperceptível,
o quanto pulso dentro de ti.
Diria irreconhecível,
mas eu estou aqui.

Posso ser sua treva, seu lado "transtornado",
Mas te juro, não culpes o poeta,
por esse assunto encerrado.

A culpa é do vento, do sol e da tua melodia,
Das cores que vibram na aura, dos sorrisos incertos,
Das nossas lágrimas transformadas em poesia.

O poeta sofre por possuir defeito,
é um ser humano, afinal.
O que importa está no meu, e no seu peito.
Não é tão simples, como este ponto final.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Gripe

Acabo de chegar do médico. Sim, estava apavorado!

Tudo começou quando assisti na televisão os sintomas da nova gripe (Influenza A). O repórter falava da dor de cabeça, de garganta, sem contar dores no corpo, e ainda disse que se a pessoa sentisse falta de ar, o caso era grave.

Fiquei encabulado com essas coisas, foi quando comecei com uma dor de cabeça. Pensei : "Estou passando muito tempo na frente do computador". Logo depois meu corpo inteiro doía. Pensei brincando : "Peguei a gripe suína pela televisão". Passados quinze minutos, já tinha falta de ar, febre, dor de garganta, tosse, e tudo que o diabo poderia arranjar para alguém.

Fiquei preocupado, afinal tive em contato com muitas pessoas, de várias cidades, senão de vários países. Fiquei uma arara. Prometi que se eu morresse, eu iria aprontar uma revolução no céu, ou no inferno (que seja). Não por morrer novo, é por pegar essa gripe sem nem sequer ter saído do meu Estado! Sacanagem! Se pelo menos eu tivesse viajado, conhecido Estados Unidos, Canadá, México... Tudo bem, morreria conformado... Mas não fui nem a Argentina, que é aqui do lado!

Nisso os sintomas iam piorando, tive que me deitar. A cabeça pesando. Até que ligo a televisão, e novamente o mesmo repórter dá mais informações sobre a doença. Diz que a taxa de mortalidade é muito baixa. Fico mais "puto" ainda! Como que me fazem tanto alarde duma doença, se quase ninguém morre com ela? Daqui um mês vamos ter anticorpos para ela, vai ser uma "gripezinha" normal. Até que vejo um ponto bom na história, lembrei daqueles "bons" quarenta dias! Sem precisar de trabalhar, ter obrigações, e talvez ainda iriam fazer compras para mim. Foi quando comecei a fazer uma lista de filmes que gostaria de assistir, de livros para ler, de coisas que gostaria de comer. E caso eu morresse, fiz uma carta deixando meu cachorro para o meu irmão - era tudo que eu tinha.

Feliz, mas com dores, decidi deixar a noite passar, e de manhã procurar um médico para já confirmar minha gripe. Logo de manhã fui atendido. Decepção. O médico me disse que era uma gripe comum, senão uma "gripe psicológica". A gripe suína tinha como sintoma a coriza também. Isso eu não tinha. Briguei com ele. Queria porque queria um exame de sangue. Ele me disse que precisava de um exame psiquiátrico. Não achei engraçado. Fui-me embora. E terminou assim. Sem graça, sem novidades, sem quarentena. Bom, pelo menos estou vivo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Brasileiro

Tem cor do melado das canas,
Mãos duras com pétreos calos,
Nos pés, um par de havaianas.
Roupas limpas de panos ralos.

Os olhos perdidos em problemas,
Tão tristes, sem alegria.
Máquinas, humanos em algemas.
Não tem sentido, nem primazia.

Dependendendo de boas vontades,
Seguem seus dias na melancolia.
O que fizeram com suas liberdades?
Pintaram-na num quadro outro dia.

Trabalho, suor, contas, e o amanhã.
Jardineiro, Cozinheiro e Caminhoneiro,
Essa é a vida quase vã,
Da profissão Brasileiro.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Flores do Asfalto

Algumas vezes preciso de alguém que me escute,
Ou simplesmente um papel para qualquer desabafo.
Outras vezes prefiro sair andando sozinho.
Conversando comigo mesmo, ou com o vento.
Sentar e olhar o horizonte.

Se me vires assoprando em alguma viela,
Não é tique, nem considero loucura.
É uma forma de brincar com a solidão.
O que é mais estranho, é que não sou só.
Quase sempre opto em me isolar,
É minha maneira de me "colocar no eixo",
Escutar meus reclames, ouvir minha poesia,
Compor músicas que não sei tocar em qualquer instrumento.
São músicas natimortas.
Só ouço uma ou duas vezes.

E quando fico insone pela madrugada,
Me pego escrevendo.
Não escrevo para que alguém leia.
- Me desculpem os meus poucos leitores,
Me sinto engrandecido quando sou lido.
Mas não escrevo para essa sensação (passageira).
Escrevo, porque sinto que os textos querem existir.
Normalmente, já estão prontos. Só precisam de mim.
Então escrevo, e deixo que meus rascunhos se aglomerem.
Quem sabe um dia viram livro.
E realmente, sirvam para serem lidos.

E assim vou seguindo.
Assoprando palavras.
Colhendo as flores do asfalto.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Memórias


Ainda vejo claramente seu rosto.
Nos seus lábios, palavras irrisórias,
Na minha boca, o teu gosto,
E tudo, p'ra sempre memórias.

Mas o "sempre" é tão particular,
Que meu "sempre" um dia deixará de existir.
Talvez, exista a efemeridade no amar,
Ou então, incoerência no despedir.

Gravadas, todas as frases ditas,
Cada um dos anseios em sorrir,
As memórias, ainda que pareçam perdidas,
Nem por isso deixam de existir.

E se me perguntarem o que acho do mundo,
Direi que todos os cálculos estão errados.
Mas quem dará ouvido a um poeta vagabundo,
Que aprecia os momentos já enterrados?

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Alguém em mim.

domingo, 31 de maio de 2009

Choro


Poeta, não caduque,
Não escute o peito que chora,
Porque choros passam.
Bom é ser criança que chora,
e coloca lágrima p'ra fora.
Depois cresce, pensa que é forte,
chora por dentro, e chora doído!
Ninguém vê, ninguém sabe.
Chora sozinho, sem beijinho.

Assim desconcertante,
Como o fluxo da vida.
Hoje você é. Amanhã você foi.
Ontem você será.
Poeta, você não apenas foi.
Mas você será, Poeta!

Porque "ser" não é assim tão fácil,
Como escrever no papel.
Porque ser também é sentir.
E quem sente, chora.
Então Poeta,
Chore.
Chore palavras, porque já não é lágrima,
Já não é sal e água. É lápis e papel.
É seu alívio temporário.
Sua droga de fuga.
Válvula de Escape.
Anestesia.
Beijinho.
Sopro.
Solidão.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Esfinge

Onipotente no deserto,
- Que durante a noite é frio.
Sente-se só, sem alguém por perto,
Porque deixar tudo tão vazio?

Por favor pare com os enigmas persuasivos,
Chega de sujeito indeterminado,
frases soltas, verbos intransitivos,
"Decifre-me ou serás devorado".

Oh Esfinge, se ainda no teu peito algo pulsa,
Se ainda resta em ti alguma emoção,
Saiba que não és de todo perfeita, uma musa,
Te faltas um nariz, e um pouco de coração.

Durante o dia, tua sina é brilhar,
Mas a noite quando é tudo tão melancólico,
Sem ninguém pra te aplaudir, observar.
É que meu peito insiste em te amar.

domingo, 10 de maio de 2009

Histórias de Viagens

Chego ao guichê da rodoviária:
- Por favor, uma passagem para Boa Esperança.
- Pois não, gostaria de escolher um lugar?
Eita, escolher um lugar... Tantos lugares bons... Tenho que escolher um bem escolhido. Um perto de uma saída de emergência (sou muito novo para morrer), mas também tem que ser perto da janela, e como sou espaçoso, quero um que diminua as chances de alguém desagradável se sente ao meu lado. Eis que salta aos meus olhos:
- Posso ficar com o número 23?
- Claro. É seu.
Barulho da impressora fazendo meu bilhete. Saí como se tivesse feito a descoberta do século! Número 23! Que gênio! Analiso as vantagens: Janela, centro do ônibus, saída de emergência, e do lado da poltrona 24! Nenhum homem em sã consciência iria pedir a poltrona 24. Aumentaria as chances de ser uma mulher bonita! Ou...

Bom, na verdade era uma sexta feira que antecedia a Páscoa. Ou seja... O ônibus iria lotar. Chego ao ônibus, sento na minha poltrona contente. Inclino-a para trás. Passa-se alguns minutos sinto alguém se sentando ao meu lado. Olho. Era um homem!!! Todos meus neurônios começaram a trabalhar, criando teorias para explicar aquele acontecimento. Será que ele era gay? Começo a reparar nas vestes, no jeito. Barba, camisa social aberta um pouco no peito. Calça jeans, sapatênis. É... não tinha muito aspecto "feminino". Mas ele pode ser um gay não assumido. Ele inclina a sua poltrona, coloca o fone no ouvido. Bom, se for gay, que diferença faz? Ele não vai me morder. Tenho alguns amigos que são gays... Nunca nem falaram nada estranho comigo. Existe o respeito. Fiquei tranquilo.

Passam se algumas horas. O rapaz começa a dormir. E como ronca! Senhor! É... às vezes penso no conforto de se ter um carro. O rapaz parecia ter um motor a diesel no lugar da garganta. Nesse meio tempo, vai outro homem ao banheiro do ônibus. Um caixote de plástico com um vaso sanitário dentro. Não é por nada não, mas reparo que o homem demora um pouquinho a mais, para sair do banheiro. Mais uma vez uma descarga de teorias. Será que ele passou mal e desmaiou? Será que ele está com alguém lá dentro? Bom, depois penso, isso também não é problema meu. Pra quê? Não é, que realmente se tornou um problema meu, aliás, do ônibus todo? O maldito tinha usado o banheiro para o famoso número 2, ou para os mais depravados, tinha cagado mesmo. Deus é pai! Além do ronco do moço estranho ao meu lado, agora estava mergulhado em um ar fétido, desses que se acender um fósforo, é uma bomba de metano na certa. Tentei desesperadamente abrir a janela. Quando uma luz de razão se apoderou do meu cérebro e me lembrou que o ônibus era ar condicionado! Ou seja... Janelas lacradas. Só poderia ser castigo. Tentei ativar o ar condicionado. Resultado: Piorou. Ah como eu gostaria de estar munido de um frasco de "bom ar" a essas horas. Acho que o cheiro estava tão "sinistro" (como dizem meus amigos) que o rapaz ao meu lado acordou. Também pudera, dormindo de boca aberta. O cheiro tava entrando pela sua boca. Tive vontade de rir. E pensei. Já que não adianta fazer nada... Abri um livro, e comecei a ler. Tragédia. Meu estômago embrulhou, fiquei enjoado. Vomitei no rapaz ao lado. Sacanagem. Mas não consegui segurar. Ele deu um grito tão diferente. Desses bem agudos. Depois engrossou a voz e me xingou. Pedi perdão, e disse que compraria outra camisa para ele. Ele se acalmou e disse que não precisava. Trocou a camisa. Menos mal. Não iria ter dinheiro mesmo. Passaram-se mais alguns minutos em que eu, sem graça de tudo, admirava a paisagem, com vergonha de olhar para o companheiro ao lado. Aliás, paisagem que nada. Mato, mato, e mais mato. Até que... Chegamos ao destino! O fim do inferno estava próximo. Pedi desculpas mais uma vez. Tudo ficou bem.

Acabou a minha via sacra. Pelo menos descobri que o rapaz era gay mesmo. E que o número 23 não está a salvo do fedor do banheiro. Aprendi também, que quando tenho essa tempestade de teorias, quase nunca penso em uma teoria útil. Na próxima, pego outro número.

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Primeira vez que tento escrever um conto. Tentei escrever um texto cômico. Baseado em uma história contada por um tio meu. Não ficou muito ao meu gosto, o conto ficou um tanto "sujo". Mas eu vou deixar registrado. Tenho uma teoria, que não devo apagar o que escrevo. rs.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Alegria

"(...) Alegria? Tinha medo de fazer uma análise íntima, de olhar para dentro de si mesmo, pois seria cruel descobrir que a represa estava seca ou que continha apenas mágoas, incertezas, gritos de espanto e dúvida, velhos recalques... (...)"
Trecho de "Olhai os Lírios do Campo" - Erico Verissimo.

domingo, 19 de abril de 2009

Vitral


Criar, escutar, ver, sentir.
Parede, rapariga, violetas, e um cão.
Escrever, suar, correr, pintar, sorrir.
Cidade, vielas, ruas, trem, bonde, avião.

Recortes, palavras, soltas, papel.
Flashes, som, energia, enigmas, vitral.
Morro, mato, cachoeira, montanha, e céu.
Moça, triste, janela, vidro e peitoral.

Boi, lírios, campo, pasto e cafezal
Maria, avó, cozinha, doces, galinha.
Minas, Brasil, quente, alegre, tropical.
Piorra, bola, jabuticaba, pinguelinha.

Preto, Branco, Vermelho, Verde, Azul, Amarelo.
Riqueza, Amazônia, Aldeias, tupiniquim.
Chicote, aço, correntes, algemas, elo.
Início, Começo, Meio, ápice, fim.

sábado, 18 de abril de 2009

Stela

Estrelas...
Quantos versos não foram dedicados,
Quantas músicas não foram cantadas,
Quantos suspiros de amor observados,
Quantas vezes não foram enumeradas?

Direi, não foram em vão tuas homenagens.
Homenagem, é poder nomear uma pessoa de estrela.
Invocar em apenas uma palavra, beleza e humildade.
É assim o nome de minha avó.
E que sucumbam os poetas em suas poesias.

Se encontrarem um sorriso tão doce,
Se sentirem um coração tão bondoso,
Se descreverem meu amor por esta alma,
Direi, é possível contar estrelas.

Enquanto não se descreve amor igual,
Enquanto não se contam estrelas,
Uma frase ecoará para sempre no meu peito.
Eu te amo, vovó Stela.

domingo, 5 de abril de 2009

Toque

Decidi querer seu toque,
Sentir na alma sua melodia,
Permitir que me invoque,
Transpirando poesia.

Ao som do nosso rock,
Te abraçar em meu peito,
ainda que seja um choque,
é assim o nosso jeito.

Mas ainda que na noite,
eu deseje o teu beijo,
este será o meu açoite,
e por fim meu desejo.

domingo, 29 de março de 2009

Incoerências e Outonos.

É março, é outono.
É o nublado, o frio.
Chuvas incansáveis e finas.
É o vazio, o aperto no peito.
É lembrança, é fotografia.
É som do vento na janela.
Dos filmes nas tardes de domingo.
Das missas das 7.
Dos sorrisos jovens.

Me paro e me questiono,
Terei nascido velho?
Sou um jovem atípico.
Daqueles que gostam de bons livros,
De água sem gás, ou uma coca-cola gelada.
Que gosta do carinho, com retorno amanhã.
Escuto Bossa, Guns'n'Roses e Chopin.
Estudo engenharia e faço poesia.
Sou um eterno outono.
Por vezes o frio aparente,
ou o calor das lareiras.
Mas assim, sempre meio apagado,
Meio nublado.
Não sou triste.
Sou assim, porque sou.
Devo ter nascido com algum neurônio desconectado.
Ou conectado errado.
Já criei várias teorias tentando me explicar.
Mas vejo que pessoas são inexplicáveis.
Mais uma vez, me pego escrevendo sobre mim.
Diria, um assunto desinteressante.
Em 6 bilhões de pessoas no planeta,
Essa é mais uma das tentativas de entender apenas uma.
Sem resultados.
No meio desse formigueiro humano,
Sou uma formiga diferente.
Que quer fazer a diferença.
Que diferença?
Talvez seja questão de outros outonos.

sábado, 28 de março de 2009

Coração

Aquiete-se coração insano,
Não entende que não pode ver?
Bata tranquilo dentro do peito,
Que aquela moça você não pode ter.

Não pode porque não pode,
Não me questione mais o porquê.
Se não consegues pensar,
Não posso ouvir você.

Ela não liga para seus pulos,
e você ainda a ama sem razão.
Tente não se debater muito,
para não me machucar, meu coração.

terça-feira, 24 de março de 2009

Esperança


Dizem que a esperança é a última a morrer,
Mas já começo a pensar que ela é imortal.
Para os cegos, a esperança de começar a ver,
Para os loucos, a esperança de ser normal.

Até para a morte - bem morrida,
a esperança mínima de um reencontro.
Para morte, um pingo de vida.
Para o infinito, a possibilidade do ponto.

Um sentimento tão nobre e puro,
Mas que sem querer consegue machucar,
É a agonia de correr para o futuro,
É uma forma torturante de amar.

Quando pensar que algo finalmente acabou,
Quando todo mundo se for, e você ficar,
Pense que se há a esperança é porque o fim não chegou,
E para a esperança, o único remédio é esperar.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O gole


Tome um gole dessa insensatez,
que a vida é curta para pausar.
Minha poesia é liberdade, é nudez,
é a carne crua exposta ao ar.

É o ranger de dentes,
é a contração muscular,
Poeta que não lê mentes,
Apenas finge amar.

Tome um gole de uma vez,
Sem pensar, sem demorar,
É efêmera essa embriaguez,
A maior loucura é te amar.

domingo, 8 de março de 2009

Testamento

Como uma carta de despedida,
Sinto que escrevo como se não o pudesse amanhã.
Como que lutando contra o curso da vida,
fazendo de tudo para não ter uma vida vã.
Se pudesse deixar uma mensagem para o mundo,
Deixaria um pedido de desculpas.
Não sei o porquê, nem para quê.
Não entendo qual foi o erro,
E acho que não devo desculpas.
Mas é como se um anjo suspirasse em meus ouvidos
- "Apenas peça perdão."
E assim o faço.
Espero que me perdoem, por um erro que ainda não sei qual.
Talvez um dia eu saiba a razão.
Ou talvez descubra que são apenas desvaneios do coração.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sobre o João.

Oi João,
Olha só como sou seu amigo!
Olha só como estou feliz!
Olha só como eu tenho amigos!
- Você não tem amigos João.
Você diz ser tudo, e não é nada.
Pelo menos é um nada que dá trabalho.
Hoje te deram as costas de novo,
Talvez seja verdade que ninguém goste de conversar com você.
Talvez seja um erro escrever isso sobre uma pessoa.
Mas já parou de pensar,
que todo mundo é um João no final?

Todos estão sorrindo,
Mas choram por dentro.
Já te olharam por cima,
Já te trataram como um verdadeiro nada.
Já te repudiaram, sendo que podiam tentar entender.
Ninguém gosta de entender João, aprende isso.
Todos gostam de sentir.
O que você pensa , é, ou sente não importa.
Infelizmente mais um na multidão.
Multidão de uns.

Todos são assim,
se tapeiam, tentando enganar a si próprios.
Mas não muda.
É a vida.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Não sei

Sentimentos confusos,
cada dia mais confusos,
cada hora mais indecisos,
em cada esquina um novo tom,
em cada rua uma nova cor.

Batimentos cardíacos constantes,
Chuvas que não molham,
Fogo que não queima.

Vozes difusas,
assim como sentimentos,
tão confusas.

Lágrimas não são doces.
Poemas não são textos.
Palavras não são palavras,
São sentimentos.

Solidão de alguns minutos,
ainda é solidão.

Se sentimentos são confusos,
não surpreende que palavras também sejam.

Confusão, lápis jogados,
Papéis caídos,
livros rasgados,
corações corroídos.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Papel

Que estado de espírito estranho,
incoveniente atormenta o corpo,
Quando diante do papel em branco,
Preparo para despejar palavras,
- Não menos incovenientes.

Sabe um segredo?
Poeta não chora.
Não ri de verdade.
Não vive o agora,
Não sente saudade.
Apenas ama.
O resto é fingimento.
Maldito fingidor.
Não finge porque quer.
Pra mim, soa castigo.

Tudo que sente precisa ir para o papel.
Senão enche o peito.
Desespero.
Não pode chorar ou sorrir pra aliviar.
Escreve.
Escravo.
Escritor.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sobre mim

Percebi que todas minhas palavras são mudas,
Minhas músicas prediletas continuam sendo as mesmas,
Meus autores preferidos não mudaram,
Meus amigos... ah! Esses sim ficaram diferentes.
Alguns sumiram, outros apareceram, e uns dois ou três continuaram.
Apesar de tudo parecer igual,
Meus gostos a cada dia tomam uma nova forma,
Tive cachorros que morreram e por isso hoje tenho outro.
Pessoas amadas morreram, outras nasceram.
Namoradas passaram, outras vieram.
Compreendi, por isso que mulher não se entende, se sente.
Nunca esqueci que crianças gostam de brinquedos
- Prometi a mim mesmo quando pequeno não deixar de lembrar;
Sei que pessoas são diferentes, e isso precisa se respeitar,
Aprendi que quanto mais se exibe o amor, mais se é desprezado.
Assustei, tentando entender porque ninguém gosta do agradável.
A Felicidade ainda não existe.
- Muito boa para pobres mortais ainda tão imperfeitos.
A ciência muda. E porque não? A surda também muda.
Tudo passa. Você passa. Sua juventude passa. A dor também passa.
- Por isso seja bem vindo aos álbuns de fotografia de família do futuro.
Meus erros? Escondo. Mas guardo em um lugar que eu sempre me lembre deles. Sempre.
Não me esqueço de errar. Errar não é tao ruim assim.
Gosto de dormir e acordar tarde. Embora me sinta bem quando acordo cedo.
Não sei se ronco. Nunca escutei.
Gosto do Sol, desde que não me queime a pele.
Espero ansiosamente o fim de tudo,
E quando este chega quero voltar ao começo.
E sou essa bagunça.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sobre tiros e rosas

Sentado em minha escrivaninha,
Ainda machucado por tiros antigos,
Deixo meu coração sangrar no papel.
Um papel, um lápis, uma luz indireta.
E minhas mãos.
- Meus instrumentos, anestésicos.
Seu retrato.
Agora virado.
Não tenho coragem de jogá-lo fora.
Mas também não quero olhar para ele.
Não merecia sangrar por ele.
Não merece.
Tudo que ele me passa,
é sobre outra pessoa.
Infelizmente eu a amo.
Aquela pessoa.
Ela não existe mais.
Já procurei em lábios distintos,
em olhares apaixonantes,
em sorrios dilacerantes,
em toques suaves.
Não a encontro.
Prometi a mim mesmo, nunca mais pensar nela.
Mas na promessa já estava pensando.
Não vale uma palavra.
Nem mesmo um batimento mais forte no peito.
Definitivamente,
Me cansei dos meus anestésicos.
De agora em diante tentarei mais uma vez.
Costurar minhas feridas,
Cicatrizá-las,
e tatuar um nome diferente em cima.
Mesmo que tudo me mostre você novamente.
Não vou mais continuar mais com essa burrice, idiotice, asnice e outros tantos "ices".
Não pingará mais uma gota de sangue.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Eu e meus botões

Cá eu e meus botões...
E agora você, que me lê.
Ando pensando muito.
De tanto pensar e de pouco agir.
Aliás, penso porque não ajo.

Queria que o passado ressurgisse,
das cinzas que o vento levou,
e a terra engoliu.
Mas de passado, quem vive é museu.
É isso que me angustia,
me crucifica lentamente.
A incerteza do futuro.

Tenho mania de criptografar,
de desmachar em um quebra-cabeça,
os meus sentimentos.
Queria que alguém entendesse.

O teatro continua,
mas e se eu não estiver na platéia?
E se ninguém mais assistir a peça?
O teatro continua?

Queria respostas,
para as minhas equações da vida.
Soluções, conjuntos verdade.
Mas vejo que pra cada incógnita,
obtenho mais uma equação.
E assim prossegue.

Queria apenas ser como todos são.
E não esse ser estranho, que não sabe nem mesmo falar sobre si mesmo.
Que madruga buscando palavras para amenizar dores,
e escrevendo textos que ninguém entende, e quase ninguém lê.

A diferença entre o louco e o são,
é apenas o crédito, ou o descrédito de forma inversa.
O louco diz o que quer e ninguém dá atenção,
O são se auto-flagela engolindo palavras para não ser taxado de louco.

É isso que eu queria escrever.
Mais como um desabafo mesmo.