domingo, 13 de julho de 2008

Tronco.



Já não sei o que vai ser de mim.
Me podaram todas as raízes, virei um tronco solto, carregado pela chuva, e pelo vento.
Quero que pelo menos, me transformem em cadeira, mesa ou armário.
Que me limpem pelo menos uma vez por semana, que me envernizem a cada 2 ou 3 anos.
Porque do tronco, raízes não brotarão mais.
É doloroso esse destino, mas é o que a natureza quer.
Se não me transformarem em nada, pelo menos servirei de sombra para animais pequenos,
de moradia para fungos e musgos, e mais tarde de adubo para a terra.
E é isso que quero pensar. Vou ignorar todo o meu passado brilhante, de desejos e planos de ser a maior árvore da mata. Serei apenas um tronco, a disposição de tudo e todos, contente com o que me foi designado.
No meu tronco, onde corria a seiva nutritiva, hoje temos canais empedrecidos.
Onde tinha o grito, hoje a lágrima, amanhã o silêncio.

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