Tento alcançar a leveza do ar,
mas minhas palavras são pesos no meu coração.
Tento no seu mundo me amarrar,
mas minhas palavras são asas para a imensidão.
Tão arrogantes e exibicionistas,
Só sabem falar ao seu próprio respeito,
Contrapondo minhas concepções otimistas,
Só vêm para dilacerar o meu peito.
Completando a transmutação,
elas levam consigo pro papel,
acreditando ser a minha salvação,
meu espaço reservado no céu.
Mas ainda cá continuo,
ainda escrevendo como um escravo,
saciando o meu vício para qual isinuo,
rosnando como um cão bravo.
Minha amiga voltou,
e me faz companhia,
Você me machucou,
mas é você quem eu queria.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Insensatez
Descubro coisas que nunca pensei saber.
Sinto sentimentos que nunca pensei amar.
Escrevo palavras que nunca pensei escrever.
Experimento novidades que nunca pensei provar.
Carrego comigo um pedido de perdão,
Do tamanho dos meus erros,
Erros que cometi, e erros que cometerei.
Não tenho medo de errar,
Para o erro existe o perdão.
Aliás, pretendo errar,
Quero sentir a poesia de cada erro.
Perdoe-me aliás, pelas minhas frases desconexas,
Palavras que parecem desligadas,
Faço versos sem sentido, mas nunca sem sentimento.
Sinto sentimentos que nunca pensei amar.
Escrevo palavras que nunca pensei escrever.
Experimento novidades que nunca pensei provar.
Carrego comigo um pedido de perdão,
Do tamanho dos meus erros,
Erros que cometi, e erros que cometerei.
Não tenho medo de errar,
Para o erro existe o perdão.
Aliás, pretendo errar,
Quero sentir a poesia de cada erro.
Perdoe-me aliás, pelas minhas frases desconexas,
Palavras que parecem desligadas,
Faço versos sem sentido, mas nunca sem sentimento.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Palavras de um bebum
OH! Não se assuste em vão,
tentei por anos essa proeza,
Queria estar bebado e ouvir meu coração,
quando ele quer destruir a beleza.
Me odeio por tentar rimas idiotas,
alguns irão contar minhas métricas,
Mas venho para fazer notas,
não esculturas geométricas.
Bebum, pude ver as máscaras.
Analisar cada uma bem devagar.
Ninguém sabe disso,
e por isso posso admirar.
Estando neste estado,
faço a alegria das putas,
Abuso do meu vocabulário (imundo),
assim que eu gosto.
Palavras cruas e escapulidas,
não voltam atrás.
Assim como a reputação
dos bebâdos rotineiros.
Experimento a vida boêmia por uma noite,
sinto cada estímulo como se durasse anos.
Não me odeie por isso,
Preciso do seu sorriso para continuar.
Com risadas olho máscaras repetidas - patéticas.
A minha máscara, não tiro.
É minha, e você tem a sua.
Respeitemos o teatro.
Foda-se os certinhos, que criticam minhas palavras,
são minhas, eu escrevo o que eu quero.
Ninguém lê mesmo.
Não faço arte, faço poesia.
Por vezes imundas - humanas,
Alcoolizadas - sem freios,
escrevo o que penso.
tentei por anos essa proeza,
Queria estar bebado e ouvir meu coração,
quando ele quer destruir a beleza.
Me odeio por tentar rimas idiotas,
alguns irão contar minhas métricas,
Mas venho para fazer notas,
não esculturas geométricas.
Bebum, pude ver as máscaras.
Analisar cada uma bem devagar.
Ninguém sabe disso,
e por isso posso admirar.
Estando neste estado,
faço a alegria das putas,
Abuso do meu vocabulário (imundo),
assim que eu gosto.
Palavras cruas e escapulidas,
não voltam atrás.
Assim como a reputação
dos bebâdos rotineiros.
Experimento a vida boêmia por uma noite,
sinto cada estímulo como se durasse anos.
Não me odeie por isso,
Preciso do seu sorriso para continuar.
Com risadas olho máscaras repetidas - patéticas.
A minha máscara, não tiro.
É minha, e você tem a sua.
Respeitemos o teatro.
Foda-se os certinhos, que criticam minhas palavras,
são minhas, eu escrevo o que eu quero.
Ninguém lê mesmo.
Não faço arte, faço poesia.
Por vezes imundas - humanas,
Alcoolizadas - sem freios,
escrevo o que penso.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Sobre ventos e desvaneios
Não me faz mal,
sentir assim tão desolado,
Assim tão normal,
tão apagado.
Me faz mal,
sentir que desperdiço palavras,
que não servem praticamente pra nada.
Mas que ainda guardo com estima.
Assim como recitar versos de amor,
a uma prostituta.
Assim como sentar-se em um bar,
e falar de paixões e amores.
Elas e eles são têm mais semelhança,
do que julga qualquer vã filosofia.
Quem me entender elas, me entenderá eles.
Não sou difícil de entender,
Sou difícil de explicar.
Contudo, são palavras que nunca serão ouvidas,
Nunca atingem nenhum coração,
Mas que formam meu rebanho,
Nesse pasto-imensidão.
sentir assim tão desolado,
Assim tão normal,
tão apagado.
Me faz mal,
sentir que desperdiço palavras,
que não servem praticamente pra nada.
Mas que ainda guardo com estima.
Assim como recitar versos de amor,
a uma prostituta.
Assim como sentar-se em um bar,
e falar de paixões e amores.
Elas e eles são têm mais semelhança,
do que julga qualquer vã filosofia.
Quem me entender elas, me entenderá eles.
Não sou difícil de entender,
Sou difícil de explicar.
Contudo, são palavras que nunca serão ouvidas,
Nunca atingem nenhum coração,
Mas que formam meu rebanho,
Nesse pasto-imensidão.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Madrugadas
Madrugadas,
Escuras e frias,
Quando respirar deixa de ser apenas uma tentativa de sobrevivência,
e passa a ser melodia.
Onde o ar deixa de ser apenas parte do ambiente,
para se transformar em instrumento musical.
Quando versos, poemas, pensamentos e filosofias,
abordam e encharcam a mente,
Pedem para formarem a letra da música,
que não canta.
Suspira.
Vezes para a solidão, companheira fiel,
Vezes para pessoas, que são tão momentos quanto figuras nas nuvens no céu.
Vezes para a musa, tão intocável e silenciosa - e fria.
Não são apenas palavras,
são sentimentos,
são meu pedaços,
agora seus.
Escuras e frias,
Quando respirar deixa de ser apenas uma tentativa de sobrevivência,
e passa a ser melodia.
Onde o ar deixa de ser apenas parte do ambiente,
para se transformar em instrumento musical.
Quando versos, poemas, pensamentos e filosofias,
abordam e encharcam a mente,
Pedem para formarem a letra da música,
que não canta.
Suspira.
Vezes para a solidão, companheira fiel,
Vezes para pessoas, que são tão momentos quanto figuras nas nuvens no céu.
Vezes para a musa, tão intocável e silenciosa - e fria.
Não são apenas palavras,
são sentimentos,
são meu pedaços,
agora seus.
domingo, 30 de novembro de 2008
Remédio
Eu quero um remédio,
não para doença,
mas para a paradez, o tédio.
Assassinaram minha crença,
Fizeram das minhas palavras, um assédio.
Destruíram minha infância,
Estragaram meus brinquedos,
Me deram responsabilidades, sem importância,
Me fizeram um homem quase sem medos.
Também me deram um grafite,
e um papel velho abandonado,
Esqueceram-se do meu palpite,
e do meu lado transtornado.
Do papel sujo e esquecido,
Faço um porta-poema - não menos abandonado,
exceto por mim - um egoísta alucinado,
Que não empresta as palavras para qualquer alma.
Se alguém quiser vê-las,
precisa primeiramente entendên-los.
Assim tão difícil, como que me achando Pessoa,
Sou assim, e para me entender basta vê-las.
E para vê-las, precisa entendê-los.
não para doença,
mas para a paradez, o tédio.
Assassinaram minha crença,
Fizeram das minhas palavras, um assédio.
Destruíram minha infância,
Estragaram meus brinquedos,
Me deram responsabilidades, sem importância,
Me fizeram um homem quase sem medos.
Também me deram um grafite,
e um papel velho abandonado,
Esqueceram-se do meu palpite,
e do meu lado transtornado.
Do papel sujo e esquecido,
Faço um porta-poema - não menos abandonado,
exceto por mim - um egoísta alucinado,
Que não empresta as palavras para qualquer alma.
Se alguém quiser vê-las,
precisa primeiramente entendên-los.
Assim tão difícil, como que me achando Pessoa,
Sou assim, e para me entender basta vê-las.
E para vê-las, precisa entendê-los.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Cansaço
Cansado.
Não cansado como se cansa de correr,
ou se cansa de pensar,
tão menos cansado de viver,
é como alguém que se cansa de amar.
É vontade,
de sentir a chuva molhar a pele,
de sentir o gosto da terra,
de abraçar uma árvore,
de correr nas ruas da minha infância,
jogar bola com os moleques,
soltar peão, empinar pipa,
andar de bicicleta,
correr...
Não como se corre para manter a forma,
ou para manter a saúde,
Ou correr contra o tempo,
que a cada dia fica mais curto.
Correr para o nada,
sem dever nada.
Não cansado como se cansa de correr,
ou se cansa de pensar,
tão menos cansado de viver,
é como alguém que se cansa de amar.
É vontade,
de sentir a chuva molhar a pele,
de sentir o gosto da terra,
de abraçar uma árvore,
de correr nas ruas da minha infância,
jogar bola com os moleques,
soltar peão, empinar pipa,
andar de bicicleta,
correr...
Não como se corre para manter a forma,
ou para manter a saúde,
Ou correr contra o tempo,
que a cada dia fica mais curto.
Correr para o nada,
sem dever nada.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Espelhos
Já não sei onde estou,
Nessa sala de espelhos.
Não dá para saber quem sou,
Com tantos clones semelhos.
Olho para o outro,
e vejo meus olhos com inocência.
São provas silenciosas
de que continua a essência.
Mudo de corpo a cada momento,
Escolho qual me satisfaz.
Com tantas alternativas sem escolhas,
a decisão é fugaz.
Quando entrares na sala especular,
Tenha consigo uma pedra-sorriso,
É tudo que basta para me quebrar.
domingo, 26 de outubro de 2008
De olhos tapados
Sabe aquele garoto,
assim tão sem-graça,
com sorriso no rosto,
querendo não magoar ninguém?
Ele é daqueles garotos,
que se tiver algum,
não têm muitos talentos,
nem muitas habilidades.
Sabe aquele rapaz?
Aquele que é forte e valente?
Na verdade é aquele garotinho.
Que chora quando está escuro,
Que chama sua mãe quando quer carinho.
É aquele rapaz que diz coisas sem sentido,
que ninguém parece entender - ou finge não entender.
É aquele rapaz que tapa os olhos para ver um caminho.
Na fiel esperança,
De que o caminho irá tapar o garotinho.
Sabe aquele rapaz?
Que é garotinho?
Só deseja um sorriso,
Fora isso,
Tape os olhos,
e veja novos caminhos.
sábado, 18 de outubro de 2008
O que você faz?
Chegado o momento,
Nenhuma invenção humana causou bem a natureza.
Nenhuma ação foi pensada racionalmente.
Nenhum pensamento humano respeitou o ambiente.
Um lápis simples dizima florestas,
Uma roupa polui águas e mata animais.
Nada respeita a troca equivalente.
Nenhum alimento industrializado alimenta.
Apenas mata, aos poucos.
Mas é o que se tem para comer.
E o que vai acontecer?
Quem vai parar o sistema?
Rezo para que a morte seja rápida, e sem dores.
Para mim, para as plantas e animais, e para vocês.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Medo
Sinto medo.
Pronto estou dizendo, o que sinto agora.
Um medo não sei de quê, vindo não sei de onde, de uma presença que persegue por todos os cantos que se vá.
Mas é o que me estimula. Medo não é covardia. Covardia é ser subordinado a ele.
Mas creio que o medo vem das coisas novas.
Você teme pessoas que não conhece, lugares que não conhece, comidas que não conhece.
Caracterizado. Entende-se o medo.
Agora é possível lidar com este fantasma.
Abrace-o. Arrisque-se.
Não vim aqui dar dicas de como lidar com o medo,
e hoje tão menos para escrever versos.
Vim me organizar.
Entendi o medo. Espero que tenha entedido também.
Vem comigo?
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Destoando
Incrível é como as coisas acontecem. Um das melhores coisas é separar um cantinho no coração para as pessoas que ama, ou que gosta, ou que conhece. Incrível como tudo flui naturalmente, como um sorriso muda a vida de uma pessoa. Como palavras cuidadosamente separadas pelo coração, sendo assim tão "impensadas" podem dar um novo tom, uma nova cor. É como uma fotografia de uma árvore em preto e branco, em que uma flor tem cor. Distoa. E vibra. E novas melodias ditarão um novo ritmo. Como é bom se deixar levar no barco para o futuro, e tentar aproveitar cada segundo da viagem. Fazer tudo como se amanhã não fosse acontecer o amanhã. É uma nova aura. É a esperança, e a felicidade que se aliam e vêm fazer companhia a nós. Não mais ela e eu. Agora são vocês e eu. Um grupo. Cansei de dualidades. Duetos, provacando tristes sonetos. Minha vontade não é mais de gritar, e sim de cantar. E dançar a música, e não me importar com o que vão conversar. Aproveito o dia, da minha forma. Que se julgue a pior, mas já foi dito. Sem julgamentos, sem ressentimentos. Eu sigo o meu caminho, escolho o meu futuro. E eu escolho você. Rainho de sol, brilhando no alvorecer. Vivo tudo, não quero apenas fotografias em carvão-papel, quero pintar com cores novas. Destoar.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Refúgio
Procuro um lugar só meu
- Mas também pode ser seu.
Até porquê já cansei de encarar minha amiga.
- Muito imprudente, ela.
Quero um lugar com água, céu e brisa,
- Um pouco de música não faz mal.
Quero a ignorância e a simplicidade
- Saber cansa, e para viver precisa saber.
Quero também um par de asas,
- Para aproveitar o céu que eu desejo.
Quero um coração limpo e sincero
- Ou que tente ser sincero ao me amar.
Quero a desorganização,
- Um tanto arte, um tanto destruição.
Quero, quero. Quero?
Posso, posso. Posso?
São apenas palavras jogadas,
Psicografadas de um coração "morto".
Mas que insiste em bater,
No débil instinto de viver.
- Mas também pode ser seu.
Até porquê já cansei de encarar minha amiga.
- Muito imprudente, ela.
Quero um lugar com água, céu e brisa,
- Um pouco de música não faz mal.
Quero a ignorância e a simplicidade
- Saber cansa, e para viver precisa saber.
Quero também um par de asas,
- Para aproveitar o céu que eu desejo.
Quero um coração limpo e sincero
- Ou que tente ser sincero ao me amar.
Quero a desorganização,
- Um tanto arte, um tanto destruição.
Quero, quero. Quero?
Posso, posso. Posso?
São apenas palavras jogadas,
Psicografadas de um coração "morto".
Mas que insiste em bater,
No débil instinto de viver.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Flechas
Uma palavra proferida jamais volta atrás,
Diz um provérbio.
Um palavra pró-ferida qual uma flecha,
usada para dilacerar a carne,
Fica sempre perdida no que os físicos
poderiam nomear de tempo-espaço;
- e que eu nomeio de lembrança.
Porém qual a flecha, existe o remédio,
o remédio que cura a dor, que cicatriza o corte.
Uma palavra assim, potencializada pelo arrependimento,
tem mil vezes o valor da palavra-flecha.
A palavra doce e amiga,
que flui não flui apenas dos lábios,
mas de dentro do peito.
Diz um provérbio.
Um palavra pró-ferida qual uma flecha,
usada para dilacerar a carne,
Fica sempre perdida no que os físicos
poderiam nomear de tempo-espaço;
- e que eu nomeio de lembrança.
Porém qual a flecha, existe o remédio,
o remédio que cura a dor, que cicatriza o corte.
Uma palavra assim, potencializada pelo arrependimento,
tem mil vezes o valor da palavra-flecha.
A palavra doce e amiga,
que flui não flui apenas dos lábios,
mas de dentro do peito.
domingo, 3 de agosto de 2008
"Ame, pois, a vida."
E ele seguia assim...
O mundo por si só já bastava.
Para qualquer dor,
existe uma anestesia.
Para uns, o vício,
Para outros, a poesia.
Assim munido,
as feridas cicatrizam.
A dor passa.
E as marcas se eternizam.
Quando o vento trocar as páginas do livro,
E roçar nossas faces, levando com ele, a juventude,
Quando o sorriso vigoroso se tornar uma curva deformada,
E nossas mãos trêmulas demais para segurar uma caneta,
e não conseguir rascunhar um papel.
Me perguntarão o que fiz da vida.
Responderei, singelamente.
A Amei.
O mundo por si só já bastava.
Para qualquer dor,
existe uma anestesia.
Para uns, o vício,
Para outros, a poesia.
Assim munido,
as feridas cicatrizam.
A dor passa.
E as marcas se eternizam.
Quando o vento trocar as páginas do livro,
E roçar nossas faces, levando com ele, a juventude,
Quando o sorriso vigoroso se tornar uma curva deformada,
E nossas mãos trêmulas demais para segurar uma caneta,
e não conseguir rascunhar um papel.
Me perguntarão o que fiz da vida.
Responderei, singelamente.
A Amei.
domingo, 20 de julho de 2008
Dilacerado
Dilacerado.
Meu coração bate assim.
Se algum dia, você encontrar essa mensagem;
Você saberá que por debaixo de todas as máscaras,
tem um coração batendo muito machucado.
O pior de tudo, é saber que o remédio não existe.
Tenho que me contentar que o tempo cura tudo.
E me contento.
Quero muito parar de viver um dia por vez,
Quero viver a partir de agora,
Viver a vida toda em um dia.
Do passado farei páginas esquecidas numa escrivaninha,
Dos bons momentos, imagens em esquecidos porta-retratos.
Tentarei seguir assim,
Com asas,
porque com os pés já não posso mais.
domingo, 13 de julho de 2008
Tronco.
Já não sei o que vai ser de mim.
Me podaram todas as raízes, virei um tronco solto, carregado pela chuva, e pelo vento.
Quero que pelo menos, me transformem em cadeira, mesa ou armário.
Que me limpem pelo menos uma vez por semana, que me envernizem a cada 2 ou 3 anos.
Porque do tronco, raízes não brotarão mais.
É doloroso esse destino, mas é o que a natureza quer.
Se não me transformarem em nada, pelo menos servirei de sombra para animais pequenos,
de moradia para fungos e musgos, e mais tarde de adubo para a terra.
E é isso que quero pensar. Vou ignorar todo o meu passado brilhante, de desejos e planos de ser a maior árvore da mata. Serei apenas um tronco, a disposição de tudo e todos, contente com o que me foi designado.
No meu tronco, onde corria a seiva nutritiva, hoje temos canais empedrecidos.
Onde tinha o grito, hoje a lágrima, amanhã o silêncio.
terça-feira, 8 de julho de 2008
Quem é você?
Quem é você que se diz chamar João, Carolina ou José?
Quem é você que se diz ser Professor, Médico ou Engenheiro?
Quem é você que se diz ser o Esperto, o esforçado ou um mané?
Quem é você que se diz mal-sucedido ou que não precisa de dinheiro?
Pergunta sem resposta, filosofia de botequim,
Qual resposta daria a um pergunta perturbante,
Tão complexa e ao mesmo tempo tão simples assim?
Deixa a alma em agonia, em transe inquietante.
Você é feliz como o Joaquim também é,
O Joaquim é atleta assim como a Ana,
Que as cinco horas da manhã gosta de já estar de pé,
Uma característica dos Brasileiros que trabalham com a cana,
Com o gado no pasto, com a colheita do café.
Você é religioso assim como Marcelo também diz ser,
Mas também pode ser um ateu materialista assim como algum Padre,
Que é "padre" de muitas crianças de mães solteiras "sem querer",
Você pensar que SOU ousado, que ataco a Igreja ou até mesmo um pagão,
Mas mantenha a Igreja fora disso, que ela tem parte do meu coração.
Eu sou aquele que odeia versos com rimas baratas,
Assim como as que estou a escrever agora,
É que elas escorrem como as águas das cascatas,
Enquanto não me esvaziam não me deixam ir embora.
Pois nós somos assim,
Eu um pedaço dos outros,
você um pedaço de mim.
Quem é você que se diz ser Professor, Médico ou Engenheiro?
Quem é você que se diz ser o Esperto, o esforçado ou um mané?
Quem é você que se diz mal-sucedido ou que não precisa de dinheiro?
Pergunta sem resposta, filosofia de botequim,
Qual resposta daria a um pergunta perturbante,
Tão complexa e ao mesmo tempo tão simples assim?
Deixa a alma em agonia, em transe inquietante.
Você é feliz como o Joaquim também é,
O Joaquim é atleta assim como a Ana,
Que as cinco horas da manhã gosta de já estar de pé,
Uma característica dos Brasileiros que trabalham com a cana,
Com o gado no pasto, com a colheita do café.
Você é religioso assim como Marcelo também diz ser,
Mas também pode ser um ateu materialista assim como algum Padre,
Que é "padre" de muitas crianças de mães solteiras "sem querer",
Você pensar que SOU ousado, que ataco a Igreja ou até mesmo um pagão,
Mas mantenha a Igreja fora disso, que ela tem parte do meu coração.
Eu sou aquele que odeia versos com rimas baratas,
Assim como as que estou a escrever agora,
É que elas escorrem como as águas das cascatas,
Enquanto não me esvaziam não me deixam ir embora.
Pois nós somos assim,
Eu um pedaço dos outros,
você um pedaço de mim.
domingo, 29 de junho de 2008
Musa
Amiga fiel de todas os momentos,
Não me deixe mal acompanhado agora,
Só você compreende meus sentimentos,
Por favor, peço para que não te vás embora.
Gosto da tua voz, da tua música.
Da tua suavidade perigosa.
Todos poetas padecem por uma musa,
Padecerei pela mais esplendorosa.
Tu és minha obra e minha criação,
Sinto-te como uma presença iluminada,
Fruto do que diz meu coração,
Dizendo tanto e não falando nada.
Não me abandone quando tudo parece frio,
Teu hálito é o que me aquece na noite escura.
Tu és como uma filha que crio,
Para a minha dor, você é minha cura.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Declaração
E seca.
Finalmente, acabaram-se as palavras.
Finalmente, você venceu.
E venceu majestosa,
Bela, e esnobando tudo e todos.
O problema é que se você vence,
Você me ganha.
É assim... Você já estava me ganhando,
Eu fingi não perceber,
ignorei suas jogadas estratégicas.
E agora somos só nós dois.
Sorrirei para você.
Pelo menos você lutou por mim.
domingo, 8 de junho de 2008
Pedras
Esse é o canto dos que não choram.
Esse é o canto dos que são silenciosos.
Esse é o canto dos que amam.
Esse é o canto dos corações dolorosos.
Talvez seja a hora de puxar os cabos,
Não mais ser útil para miragens.
Poder sentir-se uma pedra,
Como realmente se é.
Talvez esteja muito frio,
Porque já "em-pedre-ci".
Não creio mais em pessoas.
Sou o mais feliz por ter a quem amar.
Sou o mais feliz por ainda ter quem me ama.
Sinto que tudo sou eu.
Tudo que existe, existe porque eu existo.
Quando eu deixar de existir, tudo será vocês que ainda existem.
E quando vocês morrerem, não haverá um tudo.
Mas também não haverá o nada.
Porque tudo não são apenas pessoas.
Sinto hoje uma necessidade de ignorar aquilo que sei,
Acreditar nas pessoas,
Poder confiar minhas palavras a um coração bondoso.
Ao invés de uma folha de papel.
Não quero versos rimados, matematicamente calculados,
de matemática já basta a vida,
quero a essência das lágrimas de um coração,
soadas como poesia.
Quero que tudo que o homem construiu se destrua,
Quero apenas a noite, o mar e a lua.
Quero que todas as verdades sejam abolidas,
Quero apenas a inteligência nua.
Mais que versos cantados a uma solidão inexistente,
Quero um olhar inocente.
Quero um coração que me entenda.
Quero morrer contente.
Esse é o canto dos que são silenciosos.
Esse é o canto dos que amam.
Esse é o canto dos corações dolorosos.
Talvez seja a hora de puxar os cabos,
Não mais ser útil para miragens.
Poder sentir-se uma pedra,
Como realmente se é.
Talvez esteja muito frio,
Porque já "em-pedre-ci".
Não creio mais em pessoas.
Sou o mais feliz por ter a quem amar.
Sou o mais feliz por ainda ter quem me ama.
Sinto que tudo sou eu.
Tudo que existe, existe porque eu existo.
Quando eu deixar de existir, tudo será vocês que ainda existem.
E quando vocês morrerem, não haverá um tudo.
Mas também não haverá o nada.
Porque tudo não são apenas pessoas.
Sinto hoje uma necessidade de ignorar aquilo que sei,
Acreditar nas pessoas,
Poder confiar minhas palavras a um coração bondoso.
Ao invés de uma folha de papel.
Não quero versos rimados, matematicamente calculados,
de matemática já basta a vida,
quero a essência das lágrimas de um coração,
soadas como poesia.
Quero que tudo que o homem construiu se destrua,
Quero apenas a noite, o mar e a lua.
Quero que todas as verdades sejam abolidas,
Quero apenas a inteligência nua.
Mais que versos cantados a uma solidão inexistente,
Quero um olhar inocente.
Quero um coração que me entenda.
Quero morrer contente.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Sol - Idão
Um dia tua companheira
- a única.
Te machuca.
Um dia ela se faz presente,
Quando deveria estar noutro lugar.
Quando você menos esperar,
Ele vai apunhalar.
Traiçoeira.
Quando a ferida cicatrizar,
Não serão apenas dores e lágrimas,
Ventos frios no coração,
Serão poemas, palavras e músicas,
Dedicadas a SOLIDÃO.
- a única.
Te machuca.
Um dia ela se faz presente,
Quando deveria estar noutro lugar.
Quando você menos esperar,
Ele vai apunhalar.
Traiçoeira.
Quando a ferida cicatrizar,
Não serão apenas dores e lágrimas,
Ventos frios no coração,
Serão poemas, palavras e músicas,
Dedicadas a SOLIDÃO.
domingo, 25 de maio de 2008
Qual o gosto da Língua tua?
Malditos os teus dizeres,
Parafraseando lições de Moral,
Não me importa os teus saberes,
Se forem para o meu mal.
Qual o gosto da língua tua?
Você irá degustar.
Irá saborear a carne crua,
Cuidado para não se envenenar.
Qual o gosto da língua tua?
Qual conceito quer me mostrar?
A tua Verdade está nua,
Ninguém irá magoar?
Qual o gosto da língua tua?
A tua carne é dura de se mastigar?
Vamos, quero que engula!
Até que Boas e Novas consigam escapar.
Dê uma chance para uma língua nova,
Valorize os outros sentidos antes de falar,
Conheça tudo sobre a cova,
Antes de nela se lançar.
-------
Alguém em mim.
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sexta-feira, 23 de maio de 2008
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Away
The days were brighter
Gardens more blooming
The nights had more hope
In their silence
The wild was calling
Wishes were whispering
The time was there
But without a meaning
Away, away, away in time
Every dream´s a journey away
Away, away to a home away from care
Everywhere´s just a journey away
The days departed
Gardens deserted
This frail world
My only rest?
The wild calls no more
Wishes so hollow
The Barefoot Boy
Weeping in an empty night
Away, away, away in time
Every dream´s a journey away
Away, away to a home away from care
Everywhere´s just a journey away
Cherish the moment
Tower the skies
Don´t let the dreamer
Fade to grey like grass
No falling for life
A gain for every loss
Time gathered me
But kept me flying
Away, away, away in time
Every dream´s a journey away
Away, away, away in time
Every dream´s a journey away
Away, away to a home away from care
Everywhere´s just a journey away
Away, away, away in time
Every dream´s a journey away
Away, away to a home away from care
Everywhere´s just a journey away
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Nightwish
Composição: Tuomas Holopainen
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Uma vez, uma pessoa perguntou a um sábio, porque ninguém conseguia ouvi-la. Por mais que dissesse, ou até gritasse, parecia que suas palavras não surtiam efeito em nada e ninguém.
O sábio disse:
"Existem dois tipos de pessoas: as que se revoltam por não serem escutadas, lutam contra isso, e acabam sendo vencidas pelo cansaço.
E existem aquelas que enxergam que o mundo nunca irá ouvi-las na forma comum, e buscam outros meios de se expressar."
São os artistas.
Eles sofrem amargamente o peso da ignorância. Produzem o que há de mais belo na humanidade, expoem fragmentos da alma, e só são reconhecidos e realmentes ouvidos depois que morrem.
Eis mais uma verdade.
Aliás, o quanto da verdade você consegue suportar?
O sábio disse:
"Existem dois tipos de pessoas: as que se revoltam por não serem escutadas, lutam contra isso, e acabam sendo vencidas pelo cansaço.
E existem aquelas que enxergam que o mundo nunca irá ouvi-las na forma comum, e buscam outros meios de se expressar."
São os artistas.
Eles sofrem amargamente o peso da ignorância. Produzem o que há de mais belo na humanidade, expoem fragmentos da alma, e só são reconhecidos e realmentes ouvidos depois que morrem.
Eis mais uma verdade.
Aliás, o quanto da verdade você consegue suportar?
domingo, 27 de abril de 2008
Fim
A festa acabou,
A Luz apagou,
O riso se foi,
A música parou.
O bar se despede da noite,
o último bebum sai pela rua a cantar a vida,
A vida não parou.
Não parou...
A Luz apagou,
O riso se foi,
A música parou.
O bar se despede da noite,
o último bebum sai pela rua a cantar a vida,
A vida não parou.
Não parou...
domingo, 13 de abril de 2008
Um tributo à Hipocrisia
Houveram dias, em que a hipocrisia e a falsidade,
Eram tidas como pecado, defeito ou heresia.
Pois agora as trago como uma outra "verdade",
Agora dedico a elas a minha poesia.
Penso o que seria do mundo,
Se as pessoas dissessem o que sentem.
Tocando o coração no seu ponto mais profundo,
Sem que palavras doces e confortantes inventem.
As mulheres se agarrariam em lutas despenteadas.
A verdade as machucam assim como uma lâmina ardente.
Os homens se acabariam em brigas embriagadas,
A justiça para eles é: mandíbula por dente.
Suponho que se salvariam do caos dilacerante,
As crianças que são puras, verdadeiras e inocentes,
Pois ainda não foram corrompidas pela mentira estonteante,
E podem exibir em seus rostos a alegria sorridente.
Salve a Hipocrisia, Salve a Mentira e a Falsidade!
Pois são como o tóxico veneno da cobra traiçoeira,
Que em doses pequenas podem ser a cura e tranqüilidade,
Para qualquer dor que seja causada pela "verdade-verdadeira".
Alex
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Sopro
Já não há mais vento, meu caro catavento.
Contente-se com o sopro, ou então com o vendaval.
Ventos doces, vivem agora em seu pensamento,
Agora é tudo forçado, ou forte. Nada é mais natural.
Ouvi dizer que os ventos passados, não retornam.
Os ventos voam para longe, para lugares distantes,
Dizem que os mares atravessam, que montanhas contornam.
Tocam sinos, movem moinhos, carregam suspiros dos amantes.
Mas o que não entendo catavento, meu amigo,
É o motivo dos ventos irem embora, assim tão de repente,
Será que não escutam meus pedidos? Eles brincam comigo.
São os ventos calmos que movem sua alegria,
São eles que te inspiram a querer viver,
São eles que te fazem vivo a cada dia.
Alex
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
A mente sobre a matéria
O papel chave que desempenham as observações na física quântica leva indubitavelmente a questões sobre a natureza da mente e da consciência e suas relações com a matéria. O facto de que, uma vez tendo-se levado a cabo uma observação sobre um sistema quântico, o seu estado (função de ondas) mudará em geral bruscamente, parece familiar à ideia da "mente sobre a matéria". É como se o estado mental alterado do experimentador, ao se consciencializar do resultado da medida, de algum modo se reintroduzisse no aparelho do laboratório e, portanto, no sistema quântico, alterando também o seu estado. Resumidamente, o estado físico actua alterando o estado mental e o estado mental retro actua sobre o estado físico.
Numa secção anterior mencionou-se como von Neumann imaginava uma cadeia de instrumentos de medidas aparentemente sem fim, no qual cada um deles "observa" o precedente, mas nenhum leva jamais a cabo o "colapso" da função de ondas. A cadeia pode então acabar quando se envolve um observador consciente. Somente com a entrada do resultado da medida na consciência de alguém, a pirâmide completa dos estados quânticos "limbo" colapsará com uma realidade concreta.
Eugene Wigner é um físico que tem propugnado firmemente esta versão dos factos. Segundo Wigner, a mente desempenha a parte fundamental na realização da brusca troca irreversível no estado quântico que caracteriza uma medida. Não é suficiente equipar o laboratório com complicados instrumentos automáticos de registos, câmaras de vídeo e outros parecidos. Salvo se alguém realmente olha para ver onde marca a agulha no contador (ou realmente olhe o registo vídeo), o estado quântico permanecerá no limbo.
Na última secção vimos como Schrödinger empregou um gato no seu experimento mental. Um gato é um sistema macroscópico suficientemente complexo para que dois estados alternativos (vivo ou morto) sejam dramaticamente distintos. Não obstante, um gato é o bastante complexo para se contar como um observador e alterar irreversivelmente o estado quântico ( isto é, "o colapso da função de ondas"? E se o gato pode fazê-lo, o que se passará com uma mosca? Ou com uma pulga? Ou com uma amiba? Onde entra pela primeira vez a consciência na elaboração da hierarquia da vida terrestre?
As considerações precedentes estão intimamente conectadas com a debatida questão do problema corpo-mente na filosofia. Durante muito tempo, muita gente aderiu ao que o filósofo Gilbert Ryle chamava "ponto de vista oficial" sobre a relação entre a mente e o corpo (ou cérebro), que remonta pelo menos até Descartes. Segundo este ponto de vista, a mente (ou alma) é um tipo de substância, um tipo especial de substância efémera e intangível, diferente do tipo muito tangível de material de que são feitos os nossos corpos, mas acoplada a este material. A mente, então, é uma COISA que pode ter estados - estados mentais - que podem alterar-se ( ao receber dados sensoriais) como resultado de seu acoplamento ao cérebro. Mas isso não é tudo. O elo que acopla cérebro e mente funciona em dois sentidos, capacitando-nos a gravar a nossa vontade sobre os nossos cérebros e deles sobre nossos corpos.
Hoje em dia, entretanto, estas ideias dualistas têm caído em desgraça entre muitos cientistas que preferem considerar o cérebro como uma máquina eléctrica enormemente complexa, mas sem nenhum mistério à parte, sujeita às leis da física como qualquer outra máquina. Os estados internos do cérebro devem estar determinados, portanto, por seus estados passados mais do que pelos efeitos de quaisquer dados pessoais que entrem nele. Do mesmo modo, os sinais emitidos pelo cérebro, que controlam o que chamamos "comportamento", estão completamente determinados pelo estado interno do cérebro no correspondente momento.
A dificuldade com esta descrição materialista do cérebro é que parece reduzir as pessoas a simples autómatos, não deixando lugar algum para uma mente independente ou uma vontade livre. Se todo o impulso nervoso é regulado pelas leis da física, como pode a mente introduzir-se em sua operação? Mas se a mente não se introduz, como é que aparentemente controlamos os nossos corpos segundo a nossa vontade pessoal?
Com o descobrimento da mecânica quântica, um certo número de pessoas, notadamente Artur Eddington, acreditaram que haviam superado este impasse. Posto que os sistemas quânticos são inerentemente indeterminísticos, a descrição mecânica de todos os sistemas físicos, inclusive o cérebro, torna-se falsa. O princípio da incerteza de Heisenberg permite usualmente uma gama de resultados possíveis para qualquer estado físico dado e é fácil conjecturar que a consciência, ou a mente, poderia ter voto ao decidir qual das alternativas disponíveis se leva realmente a cabo.
Imagine-se então um electrão em alguma célula cerebral a ponto de excitar-se. A mecânica quântica permite que o electrão vagueie por um conjunto de trajectórias. Talvez, para que a célula se excite, baste que a mente carregue um pouco o dado quântico e assim empurre o electrão, favorecendo uma certa direcção e iniciando desse modo uma cascata de actividades eléctricas que culmine, digamos no levantamento de um braço.
Independentemente de seu atractivo, a ideia de que a mente acha a sua expressão no mundo por deferência ao princípio quântico de incerteza não é tomada realmente muito a sério, em grande parte porque a actividade eléctrica do cérebro parece ser mais vigorosa que tudo isso. Afinal, se as células cerebrais operam a nível quântico, a rede inteira é vulnerável às singulares flutuações quânticas aleatórias de qualquer electrão de entre a miríade existente.
O conceito de que a mente é uma entidade capaz de interagir com a matéria tem sido criticado severamente como um erro categórico por Ryle, que ridiculariza o "ponto de vista oficial" da mente, qualificando-a como "o espírito dentro da máquina" (the ghost in the machine). Ryle argumenta que quando falamos de cérebro empregamos conceitos apropriados para um certo nível de descrição. Por outro lado, a discussão sobre a mente faz referência a um nível de descrição completamente diferente e mais abstracto. É algo assim como a diferença entre o Governo e a Constituição britânicos, onde o primeiro é um grupo concreto de indivíduos e a última um conjunto abstracto de ideias. Ryle argumenta que tem tão pouco sentido falar de comunicação entre Governo e Constituição como falar de comunicação entre mente e cérebro.
Uma analogia melhor, talvez mais adequada para a era moderna, pode encontrar-se nos conceitos de hardware e software na informática. Num computador, o hardware desempenha o papel do cérebro, embora o software seja análogo à mente. Podemos aceitar com agrado que o resultado proporcionado por um computador está rigorosamente determinado em sua totalidade pelas leis dos circuitos eléctricos mais os dados de entrada utilizados. Raramente perguntamos "como se regula o programa para fazer que todos esses pequenos circuitos disparem de acordo com a sequência correcta?" Não obstante, sentimo-nos contentes em dar uma descrição equivalente em linguagem de software, usando conceitos como input, output, cálculo, dados, respostas, etc.
As descrições gémeas de hardware e de software aplicadas à operação dos computadores são mutuamente complementares, não contraditórias. A situação tem, portanto, um estreito paralelismo com o princípio de complementaridade de Bohr. Certamente, a analogia é muito estreita quando consideramos a questão da dualidade onda-partícula. Como temos visto, uma onda quântica é realmente uma descrição do nosso conhecimento do sistema (quer dizer, um conceito de software), embora uma partícula seja uma peça de hardware. O paradoxo da mecânica quântica é que, de certo modo, os níveis de descrição de hardware e de software cheguem a entrelaçar-se inextricavelmente. Parece que não entendemos o espírito no átomo até que cheguemos a entender o espírito na máquina.
Link:http://pt.wikipedia.org/wiki/Gato_de_Schr%C3%B6dinger
Numa secção anterior mencionou-se como von Neumann imaginava uma cadeia de instrumentos de medidas aparentemente sem fim, no qual cada um deles "observa" o precedente, mas nenhum leva jamais a cabo o "colapso" da função de ondas. A cadeia pode então acabar quando se envolve um observador consciente. Somente com a entrada do resultado da medida na consciência de alguém, a pirâmide completa dos estados quânticos "limbo" colapsará com uma realidade concreta.
Eugene Wigner é um físico que tem propugnado firmemente esta versão dos factos. Segundo Wigner, a mente desempenha a parte fundamental na realização da brusca troca irreversível no estado quântico que caracteriza uma medida. Não é suficiente equipar o laboratório com complicados instrumentos automáticos de registos, câmaras de vídeo e outros parecidos. Salvo se alguém realmente olha para ver onde marca a agulha no contador (ou realmente olhe o registo vídeo), o estado quântico permanecerá no limbo.
Na última secção vimos como Schrödinger empregou um gato no seu experimento mental. Um gato é um sistema macroscópico suficientemente complexo para que dois estados alternativos (vivo ou morto) sejam dramaticamente distintos. Não obstante, um gato é o bastante complexo para se contar como um observador e alterar irreversivelmente o estado quântico ( isto é, "o colapso da função de ondas"? E se o gato pode fazê-lo, o que se passará com uma mosca? Ou com uma pulga? Ou com uma amiba? Onde entra pela primeira vez a consciência na elaboração da hierarquia da vida terrestre?
As considerações precedentes estão intimamente conectadas com a debatida questão do problema corpo-mente na filosofia. Durante muito tempo, muita gente aderiu ao que o filósofo Gilbert Ryle chamava "ponto de vista oficial" sobre a relação entre a mente e o corpo (ou cérebro), que remonta pelo menos até Descartes. Segundo este ponto de vista, a mente (ou alma) é um tipo de substância, um tipo especial de substância efémera e intangível, diferente do tipo muito tangível de material de que são feitos os nossos corpos, mas acoplada a este material. A mente, então, é uma COISA que pode ter estados - estados mentais - que podem alterar-se ( ao receber dados sensoriais) como resultado de seu acoplamento ao cérebro. Mas isso não é tudo. O elo que acopla cérebro e mente funciona em dois sentidos, capacitando-nos a gravar a nossa vontade sobre os nossos cérebros e deles sobre nossos corpos.
Hoje em dia, entretanto, estas ideias dualistas têm caído em desgraça entre muitos cientistas que preferem considerar o cérebro como uma máquina eléctrica enormemente complexa, mas sem nenhum mistério à parte, sujeita às leis da física como qualquer outra máquina. Os estados internos do cérebro devem estar determinados, portanto, por seus estados passados mais do que pelos efeitos de quaisquer dados pessoais que entrem nele. Do mesmo modo, os sinais emitidos pelo cérebro, que controlam o que chamamos "comportamento", estão completamente determinados pelo estado interno do cérebro no correspondente momento.
A dificuldade com esta descrição materialista do cérebro é que parece reduzir as pessoas a simples autómatos, não deixando lugar algum para uma mente independente ou uma vontade livre. Se todo o impulso nervoso é regulado pelas leis da física, como pode a mente introduzir-se em sua operação? Mas se a mente não se introduz, como é que aparentemente controlamos os nossos corpos segundo a nossa vontade pessoal?
Com o descobrimento da mecânica quântica, um certo número de pessoas, notadamente Artur Eddington, acreditaram que haviam superado este impasse. Posto que os sistemas quânticos são inerentemente indeterminísticos, a descrição mecânica de todos os sistemas físicos, inclusive o cérebro, torna-se falsa. O princípio da incerteza de Heisenberg permite usualmente uma gama de resultados possíveis para qualquer estado físico dado e é fácil conjecturar que a consciência, ou a mente, poderia ter voto ao decidir qual das alternativas disponíveis se leva realmente a cabo.
Imagine-se então um electrão em alguma célula cerebral a ponto de excitar-se. A mecânica quântica permite que o electrão vagueie por um conjunto de trajectórias. Talvez, para que a célula se excite, baste que a mente carregue um pouco o dado quântico e assim empurre o electrão, favorecendo uma certa direcção e iniciando desse modo uma cascata de actividades eléctricas que culmine, digamos no levantamento de um braço.
Independentemente de seu atractivo, a ideia de que a mente acha a sua expressão no mundo por deferência ao princípio quântico de incerteza não é tomada realmente muito a sério, em grande parte porque a actividade eléctrica do cérebro parece ser mais vigorosa que tudo isso. Afinal, se as células cerebrais operam a nível quântico, a rede inteira é vulnerável às singulares flutuações quânticas aleatórias de qualquer electrão de entre a miríade existente.
O conceito de que a mente é uma entidade capaz de interagir com a matéria tem sido criticado severamente como um erro categórico por Ryle, que ridiculariza o "ponto de vista oficial" da mente, qualificando-a como "o espírito dentro da máquina" (the ghost in the machine). Ryle argumenta que quando falamos de cérebro empregamos conceitos apropriados para um certo nível de descrição. Por outro lado, a discussão sobre a mente faz referência a um nível de descrição completamente diferente e mais abstracto. É algo assim como a diferença entre o Governo e a Constituição britânicos, onde o primeiro é um grupo concreto de indivíduos e a última um conjunto abstracto de ideias. Ryle argumenta que tem tão pouco sentido falar de comunicação entre Governo e Constituição como falar de comunicação entre mente e cérebro.
Uma analogia melhor, talvez mais adequada para a era moderna, pode encontrar-se nos conceitos de hardware e software na informática. Num computador, o hardware desempenha o papel do cérebro, embora o software seja análogo à mente. Podemos aceitar com agrado que o resultado proporcionado por um computador está rigorosamente determinado em sua totalidade pelas leis dos circuitos eléctricos mais os dados de entrada utilizados. Raramente perguntamos "como se regula o programa para fazer que todos esses pequenos circuitos disparem de acordo com a sequência correcta?" Não obstante, sentimo-nos contentes em dar uma descrição equivalente em linguagem de software, usando conceitos como input, output, cálculo, dados, respostas, etc.
As descrições gémeas de hardware e de software aplicadas à operação dos computadores são mutuamente complementares, não contraditórias. A situação tem, portanto, um estreito paralelismo com o princípio de complementaridade de Bohr. Certamente, a analogia é muito estreita quando consideramos a questão da dualidade onda-partícula. Como temos visto, uma onda quântica é realmente uma descrição do nosso conhecimento do sistema (quer dizer, um conceito de software), embora uma partícula seja uma peça de hardware. O paradoxo da mecânica quântica é que, de certo modo, os níveis de descrição de hardware e de software cheguem a entrelaçar-se inextricavelmente. Parece que não entendemos o espírito no átomo até que cheguemos a entender o espírito na máquina.
Link:http://pt.wikipedia.org/wiki/Gato_de_Schr%C3%B6dinger
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Sobre a Juventude...
Tudo chega, tudo passa.
Ainda ontem, era um garotinho, que o pai ensinava a andar de bicicleta, que ia para escola fazer pinturas de dedo. A vida não poderia ser mais doce, sem nada para se preocupar, com todos os problemas distantes. Tudo o que tinha que fazer, era viver, e ainda assim sem ter noção que vivia - e se vivia intensamente desse modo. Hoje, já de barba, preocupado com o tempo. Não se vive tão intensamente mais. Tenho de fincar raízes, infelizmente, essa é a óptica da vida para a maioria. A terra ainda é dura, minhas raízes frágeis. A terra ainda pressiona sufocadoramente. Felizmente, algo naquele garotinho ainda fica em mim, a curiosidade, a preserverança; embora fixar raízes não seja algo tão lovável - nem mesmo fácil; aquele garotinho quer ver a árvore grande, galgar sob seus galhos, deliciar-se com seus frutos, dormir a sua sombra. Bom, isso se chama juventude.
Juventude adultalizada.
- Bruscamente envelhecida;
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
É neste instante,
tem que ser agora!
O último fio de controle já não suporta mais este peso.
Arrebentou.
Todos os poros da pele,
Os vasos sanguíneos fervendo,
Os órgãos internos se contorcendo,
Tudo parece gritar,
agitar, e gritar
tão silenciosamente...
Esse silêncio tortura.
E assim se vai,
até que se calem,
Os poros,
os vasos,
os órgãos,
a voz...
tem que ser agora!
O último fio de controle já não suporta mais este peso.
Arrebentou.
Todos os poros da pele,
Os vasos sanguíneos fervendo,
Os órgãos internos se contorcendo,
Tudo parece gritar,
agitar, e gritar
tão silenciosamente...
Esse silêncio tortura.
E assim se vai,
até que se calem,
Os poros,
os vasos,
os órgãos,
a voz...
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