Este é meu último texto de 2015. Pelo que pude contar, é o quarto post deste blog, o que me mostrou que poucas vezes parei para ouvir meu coração. E de fato, foi um ano muito importante para mim. Tudo começou com a vontade de mudar, de crescer. Como muitos brasileiros, optei por tentar a vida em São Paulo. Nunca havia morado em uma cidade com mais de 50 mil habitantes, e fui direto para a maior cidade da América Latina. Foi um tremendo passo para mim, que me vi em um cenário completamente agitado, materialista, compulsivo e solitário. Tento buscar as qualidades desta mudança, e o que me vem a mente são as diversas opções em diversos horários e o respeito a individualidade.
São Paulo para mim, se mostrou uma cidade bonita, cheia de vida. Porém, pude sentir a expressão "Selva de Pedra". Por muitas vezes senti falta de olhar o horizonte, o céu, as árvores. Tudo que cercou minha visão foram os edifícios intermináveis, os carros, as pontes. Do verde azul ensolarado para o cinza cor-de-areia nublado. Isso dá uma mexida dentro da gente. Sempre admirei as cores e as luzes dos dias, de uma forma que entendendo que elas conseguem alterar o meu estado de espírito.
No mais, abri meu coração para absorver tudo de bom que a cidade poderia me oferecer, as novas amizades, os novos círculos sociais, o novo emprego. E isso foi muito bom. O emprego novo me mostrou uma nova face da área comercial, a qual eu estava iniciando minha carreira. Vi pessoas vivendo para o trabalho, de maneira exaustiva, sendo cobradas massivamente por números e resultados.
Entrei na onda. Gosto de trabalhar, e não havendo nada de interessante para se fazer em casa, me joguei no trabalho, e no meio do ano, trabalhei todos os dias fazendo horas extras. Não foi bem uma escolha, pelo menos não consegui sentir que foi. Porém, correu tudo bem, até que eu simplesmente estafei.
Como coloquei no post anterior, exauri minhas energias. Nunca havia me sentido desta forma. E daí entendi que havia muita desordem dentro de mim, muita coisa que precisava ser ajustada. Foi um processo doloroso e lento, que até hoje precisa ser revisto.
Entretanto, foi bom. Entendi que não quero viver para trabalhar. E não quero sentir culpa em dizer isto. Quero poder trabalhar, poder estudar, amar as pessoas que amo, me exercitar e aprender coisas novas. E para ter tempo de tudo isto, preciso replanejar minha carreira. Quero conectar minha carreira ao que eu sou. Ao que eu gosto de fazer: Arte, comunicação, Criação, Inovação e Invenção. Ainda não sei bem quanto tempo levará, mas hoje acredito que este será meu norte profissional - espero que meu lado direito do cérebro não atrofie até lá.
2015 também foi o ano que assumi compromissos comigo mesmo. Assumi o compromisso de querer ter minha mulher por perto, e para isso, amadurecer e me tornar um homem crescido.
Assumi o compromisso de olhar para dentro, me entender e me aceitar da forma como sou e deixar claro para as pessoas que minha essência não é muito mutável.
Assumi o compromisso de levar mais a sério meus estudos e minha profissão, valorizando o tempo que dediquei à elas.
Passei a estudar mais os sentimentos, as expressões da nossa alma. Estou estudando meditação e me reconectando à minha espiritualidade.
2015 foi um ano lento e comprido, doloroso, difícil, mas talvez o ano em que mais cresci.
Quero encerrar 2015 como o autor que escreve fim na última página de seu livro. Quero abrir 2016 como um novo livro, mais maduro, mais centrado e quero escrever histórias bem felizes.
Hoje entendo a importância de comemorarmos ciclos. De termos esta sensação de que um pedaço de nós ficou para trás, preso nos portões do tempo. Isso ameniza o peso da bagagem, permite que o coração pulse esperançoso para os novos dias que virão.
Que Deus continue nos abençoando neste novo ano!